Após
a chegada da notícia de tentativa de golpe de Estado no Paraguai e da ameaça de
o presidente Fernando Lugo ser destituído do poder por processo de impeachment,
o rumo das mobilizações na Cúpula dos Povos mudou. O momento era ainda de
debate sobre o documento final, mas a possibilidade de violação da soberania
paraguaia fez com que os\as participantes realizassem manifestações e falas em
apoio ao mandatário. Também foi convocada uma vigília em frente ao consulado do
Paraguai no Rio de Janeiro.
O
paraguaio Daniel Bogado, da Coordenadora Nacional pela Soberania Energética,
afirmou que as manifestações buscaram denunciar as forças imperialistas
apoiadas, sobretudo, pelos Estados Unidos.
“Rechaçamos
essa tentativa de golpe, pois estão querendo nos impedir de nos desenvolvermos
como povos independentes e de darmos continuidade aos processos que custamos
tanto a conseguir. Esta tentativa é criminosa”, criticou.
Daniel
afirmou que neste momento o país está tomado por policiais e a população está
se encaminhando para Assunção a fim de apoiar Lugo e a soberania paraguaia.
“Estamos
muito preocupados por não saber o que vai acontecer. Em abril do próximo ano
acontecem as eleições presidenciais, então o que queremos é que Lugo termine
seu mandato e que um novo presidente seja escolhido de forma democrática”,
pediu.
Em
coletiva de encerramento da Cúpula dos Povos o Grupo de Articulação (GA) também
se manifestou sobre o caso. Sandra Quintela, do Jubileu Sul falou em nome do
GA, repudiando a tentativa de golpe todas as outras que aconteceram nos últimos
anos em países da América Latina.
“Defendemos
a democracia paraguaia e repudiamos esta tentativa de golpe de Estado e as que
aconteceram nos últimos anos em países como Honduras e Equador. Nos preocupados
e nos solidarizamos com o que está acontecendo agora no país vizinho e com a
luta do povo paraguaio, pois a luta deles é a nossa luta”, manifestou.
Além
das manifestações de apoio na Cúpula dos Povos que incluíram a leitura de uma
moção de apoio à soberania paraguaia e ao presidente Lugo, está sendo realizada
uma vigília em frente à embaixada paraguaia para demonstrar a solidariedade do
povo brasileiro e dos integrantes da Cúpula com a situação enfrentada por Lugo
e a população deste país.
Ontem
mesmo os chanceleres da Unasul viajaram para Assunção a fim de apoiar o
presidente Lugo e compreender o que realmente está acontecendo. Além deles, representantes
de sindicatos brasileiros estão se organizando para seguir amanhã (23) ao país,
na tentativa de garantir que Lugo tenha tempo de se defender e permaneça no
poder.