Na
segunda rodada de negociações com o Sindicato e a Contraf-CUT,
realizada na tarde desta terça-feira (12), em São Paulo, o
Santander trouxe avanços, mas a proposta ainda é insuficiente para
a renovação do acordo aditivo à convenção coletiva dos bancários
e do acordo do Programa de Participação nos Resultados Santander
(PPRS). Nova rodada foi agendada para esta quinta-feira (14), às
11h.
Enquanto na primeira reunião o banco propôs somente a
manutenção do aditivo e do PPRS nos moldes atuais, desta vez se
dispôs a incluir uma cláusula de igualdade de oportunidades e
ampliar o número de bolsas de estudo para primeira graduação, que
passariam de 2.300 para 2.500.
Os dirigentes sindicais
avaliaram que as propostas trazidas são positivas, mas
insuficientes. “Não basta acrescentar ao acordo a cláusula de
igualdade de oportunidades, é preciso que o banco deixe claro quais
são os instrumentos que garantem o cumprimento dessa cláusula”,
destaca a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São
Paulo e coordenadora da mesa de negociações, Rita Berlofa.
Rita
também salienta que o Santander deve ampliar as bolsas para segunda
graduação e pós. “É importante destacar que a ampliação do
conhecimento e expertise dos bancários também resulta em ganhos
para a empresa”.
Garantia
de emprego e manutenção do plano de saúde – Os
representantes dos bancários reforçaram mais uma vez as principais
reivindicações dos funcionários, apontadas em consulta feita pelos
sindicatos que ouviram cerca de 6 mil bancários em todo país.
Destacam-se a garantia de emprego, a ampliação das bolsas de
estudos e a manutenção do plano de saúde durante a aposentadoria
nas mesmas condições dos trabalhadores da ativa.
“Não
é justo que o bancário se aposente e não mantenha as mesmas regras
do seu plano de saúde. É preciso garantir para todos o direito que
hoje só possuem os funcionários oriundos do Banespa que são
associados da Cabesp”, enfatiza o secretário de imprensa da
Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. “Trata-se de uma demanda
nacional que é fundamental para a saúde e a qualidade de vida”,
defende.
“Esperamos que o banco traga novos avanços na
próxima negociação, como forma de valorizar os trabalhadores
brasileiros, principais responsáveis pelos maiores lucros do banco
em todo mundo”, aponta Ademir.
Venda
responsável de produtos – Durante
a negociação, os sindicalistas também ressaltaram a necessidade de
o banco estabelecer um acordo para a venda responsável de produtos.
“Em pesquisa realizada pelo Sindicato, os bancários relataram
que muitas vezes têm de passar por cima de seus princípios, pois se
veem obrigados a bater metas e oferecer produtos muitas vezes
desnecessários aos clientes. O Santander alega que já pratica a
venda responsável de produtos no país, mas se isso é de fato uma
política do banco, então temos que estabelecê-la em acordo,
tornando-a clara”, afirma Rita.
Ela lembra que o banco
espanhol já firmou acordo para venda responsável em todos os países
da Comunidade Europeia onde está presente. A dirigente sindical
ressalta ainda que o tema é objeto de campanha mundial da UNI
Finanças, braço da UNI Sindicato Global. “Está mais do que na
hora de o Santander adotar a venda responsável de produtos aqui
também. É bom para os trabalhadores, para os clientes e para a
imagem da empresa, que tem no Brasil 30% do seu ganho mundial.”
Rita
acrescenta que, diante da crise na Espanha, é no Brasil que o grupo
espanhol encontra tranquilidade e que, portanto, nada mais justo que
o banco valorize os trabalhadores brasileiros. “Recentemente os
executivos da empresa tiveram aumento de 22% em seus bônus, o que
corresponde ao montante surpreendente de R$ 390 mil por mês para
cada um deles. Falta que a instituição valorize os bancários, que
são os responsáveis pelo bom desempenho das operações do grupo no
país. E as propostas apresentadas até agora não são suficientes
nesse sentido”.
As entidades sindicais cobraram ainda
redução das taxas de juros e a isenção das tarifas para os
trabalhadores da ativa e aposentados. “Não é admissível que o
banco queira ganhar em cima dos trabalhadores, que são os
responsáveis por seu lucro”, critica Rita.
Transparência
no PPRS – Para
os representantes dos trabalhadores, é preciso mais clareza nas
regras do PPRS. “Queremos fazer a discussão sobre os programas
próprios de participação nos resultados aos olhos da legislação.
O PPRS tem de ser discutido com clareza e transparência. Os
bancários precisam entender suas regras”, destaca Rita.
Outras
reivindicações – Para
garantir isonomia de tratamento aos funcionários do Santander
Brasil, os trabalhadores também exigem que seja incluída no aditivo
a folga ao funcionário no dia de seu aniversário, que alguns
gestores já praticam. “É fundamental que isso faça parte do
acordo, para que não seja política de clube de amigos, mas sim um
direito de todos os funcionários”, diz Rita.
Outra
reivindicação é que o prêmio de dois salários no mês em que o
bancário completa 25 anos de casa, que já é uma prática do banco,
também faça parte do aditivo.
A dirigente sindical
acrescenta que deve haver isonomia também entre os trabalhadores da
Espanha e Brasil. “Além da venda responsável de produtos, que
na Espanha já está estabelecida em acordo, queremos tratamento
isonômico para os dirigentes sindicais brasileiros. Na Espanha, os
sindicalistas têm direito à valorização salarial e crescimento na
carreira. Por que no Brasil é diferente?”, questiona e reforça:
“O Santander Brasil tem todas as condições de valorizar seus
trabalhadores”.