O
Sindicato ampliou sua presença na diretoria eleita para a Central
Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE). O bancário e
secretário de Formação da CUT, Fabiano Moura, se mantém no cargo
e a secretária de Comunicação do Sindicato, Anabele Silva, também
ocupa uma vaga na direção executiva. A nova gestão foi eleita por
cerca de 471 delegados sindicais, de diferentes categorias, durante o
13º Congresso Estadual, de 28 a 31 de maio.
O novo
presidente eleito, em chapa única, é o agricultor e dirigente do
Sindicato Trabalhadores Rurais de Tabira, Carlos Veras. Ele começou
sua trajetória, com apenas 18 anos, como presidente da Associação
Rural de Poço de Dantas. Foi coordenador do Complexo das
Cooperativas do Sertão, secretário-geral da Cooperativa de Crédito
Ecosol-Pajeú, tesoureiro da Agência de Desenvolvimento Solidário
da CUT e vice-presidente da Central na gestão que se encerra. “Esse
é um momento de renovação e de união entre campo e cidade, com
ações que beneficiem o conjunto dos trabalhadores”, disse.
À
frente da CUT estadual por duas gestões, Sérgio Goiana fez um
balanço positivo da gestão que se encerra: “Tivemos a pluralidade
como eixo de trabalho. E quando se foca no trabalho coletivo, isso se
reverte em crescimento. Tanto que a CUT Pernambuco é, hoje, a quarta
maior do país, em termos de representatividade”, afirmou.
Dentre
os representantes dos bancários na direção cutista, Fabiano Moura
garante que vai dar continuidade ao trabalho de formação que já
vem sendo feito. “Cumprimos integralmente o programa de formação
nacional e criamos outros, específicos daqui, como as Caravanas da
Formação”.
Já Anabele Silva, secretária de Comunicação
do Sindicato, assume um cargo na diretoria efetiva: “é muito
importante que os bancários estejam presentes nesta luta coletiva
dos trabalhadores. Muitas questões discutidas por nós repercutem em
toda a sociedade e na classe trabalhadora, a exemplo da
regulamentação do sistema financeiro e a discussão sobre o papel
dos bancos”, opina.
Durante quatro dias de debates, foram
discutidos temas como: conjuntura nacional e internacional, paridade
de gênero, política de comunicação, juventude, cultura, educação,
meio ambiente, transporte urbano, saúde, reforma agrária e economia
solidária, entre outros projetos desenvolvidos pela central no
estado. O congresso também serviu para elaborar o plano de lutas da
central e escolher os delegados para o congresso da CUT nacional, que
ocorre de 9 a 13 de julho, em São Paulo.
Paridade – Um dos
temas mais polêmicos e de discussões mais ricas foi o que tratou da
paridade de gêneros em cargos de direção da Central. Eram três
teses: a que defendia a implantação imediata da paridade; a que
afirmava que a igualdade deve ser construída a partir da base; e a
que defendia o amadurecimento da proposta para implantação em 2015.
Duas delas serão levadas para o Congresso Nacional: a que defende a
implantação da paridade em 2015, aprovada por 80% dos
participantes, e a que acredita que a paridade deve ser construída a
partir da base, com 20% de aprovação.
Também no Sindicato
dos Bancários não há consenso sobre o tema. Sandra Trajano,
secretária da Mulher, conta que foi convencida durante a realização
do Congresso Estadual quanto à importância da paridade. “Eu estou
há pouco tempo no movimento sindical. E, a princípio, minha
preocupação maior era com o trabalho de base, na tentativa de
trazer as bancárias para o movimento. No entanto, durante o
congresso, eu fui percebendo o quanto a política de cotas, por
exemplo, foi importante para a CUT. Vi, inclusive, os próprios
homens reconhecerem isso”, conta Sandra.
Para a secretária
de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, a representação no
movimento sindical não reflete a distribuição dos gêneros dentro
do mercado de trabalho. “Claro que existem diferenças de acordo
com as categorias. Mas, mesmo nas categorias em que 80% dos
trabalhadores são mulheres, elas são minoria nos cargos de
representação sindical. A CUT precisa dar exemplo e implantar a
paridade”, afirma Suzi.
A presidenta do Sindicato, Jaqueline
Mello, concorda que este é um assunto que precisa ser discutido e
aprofundado. Concorda, também, quanto à importância de ampliar a
participação das mulheres nas instâncias de poder na central. No
entanto, acredita que isso deve ser feito a partir da base, com um
trabalho político e não apenas estatutário.
“Não creio
que a paridade deva ser construída de cima para baixo. Acredito,
sim, na política de cotas, que institui um mínimo sem, no entanto,
engessar a ocupação dos cargos. A paridade tem de ser construída e
ser um objetivo a ser buscado de acordo com a realidade de cada
categoria. Mas esta, sem dúvida, é uma discussão importante para
ser travada em todas as categorias, tanto nas direções sindicais
como na própria base”, opina.