Sociedade civil se une contra insegurança bancária

O Sindicato realizou
nesta quinta-feira, dia 19, o II Fórum Pernambucano sobre Segurança
Bancária. O evento contou com a participação de diversas
autoridades e representantes de bancários e vigilantes. “Foi um
encontro muito importante, principalmente neste momento em que toda a
sociedade está unida contra a falta de segurança nos bancos, não
só em Pernambuco como em todo o Brasil”, afirmou a presidenta do
Sindicato, Jaqueline Mello.


As primeiras mesas de debate
juntaram vários segmentos da sociedade civil organizada. No primeiro
painel, a representante do Procon Recife, Raquel Morais, e o delegado
de Roubos e Furtos, José Cláudio, falaram sobre os novos rumos para
a segurança das agências no Recife.


Segundo Raquel, vários
bancos autuados pela instituição sequer apresentaram defesa
administrativa. E, entre os que o fizeram, algumas argumentações
são absurdas. “Um deles alegou, por exemplo, que não havia
necessidade de biombos entre os caixas porque já existiam as faixas
amarelas marcadas no chão. Como se as marcas pudessem garantir
qualquer segurança ou privacidade nas operações executadas pelos
clientes”, diz.


Para José Cláudio, a negligência dos
bancos é tanta que está atraindo para este crime muitos bandidos
que não tinham antecedentes neste tipo de ação. “E isso é um
perigo. Porque a vida dos bancários e clientes fica ainda mais
vulnerável quando se lida com bandidos inexperientes”, observa o
delegado.


Descaso dos bancos – Na segunda mesa, as
discussões foram centradas nas ações do movimento sindical, em
todo o Brasil. O secretário de Imprensa da Contraf-CUT (Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Ademir Wiederkehr,
falou em nome dos bancários e Moisés Alves representou a
Confederação Nacional dos Vigilantes.


Ademir é
representante dos bancários na Comissão Consultiva para Assuntos de
Segurança Privada (CCASP), do Ministério da Justiça, e faz parte
do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. As estatísticas
apresentadas por ele dão conta do tamanho da falta de interesse dos
bancos em investir na proteção à vida dos clientes e
trabalhadores. No ano passado, os principais bancos acumularam R$
50,7 bilhões em lucro. Investiram apenas R$ 2,6 bi em segurança, ou
5,2% daquilo que ganharam. Os bancos que mais lucraram estão também
entre os menos gastaram com segurança. O Itaú, por exemplo, teve
lucro de R$ 14,6 bi e investiu apenas R$ 482 milhões.


Os
dados apresentados por Ademir também revelam que o número de
assaltos é proporcional ao investimento em segurança. “As
estatísticas da própria Febraban (Federação Brasileira de Bancos)
mostram que houve uma queda progressiva no número de assaltos desde
2000. No entanto, de 2010 para 2011, o registro de ocorrências subiu
bastante. Ora, as portas com detector de metais foram implantadas no
final dos anos de 1990. E foi justamente entre 2010 e 2011 que elas
começaram a ser retiradas por alguns bancos, como o Itaú”, diz o
dirigente.


O número de mortes em assaltos subiu 113% entre
2010 e 2011, passando de 23 casos para 49. Outra ação que teve um
crescimento vertiginoso neste período foram os chamados assaltos de
“saidinha de banco”, que mais do que triplicaram, passando de dez
para 32 registros. “Os bancários defendem a colocação de portas
antes do autoatendimento, vidros blindados, câmeras externas,
biombos entre as filas de espera e os caixas, divisórias entre os
guichês e isenção de tarifas para operações de transferência de
recursos, como TED e DOC”, afirma Ademir.


Para Moisés
Alves, apesar destes números, a ação integrada entre bancários,
vigilantes e outros segmentos da sociedade tem surtido efeito. Em
vários estados e municípios, tem sido sancionadas legislações
mais avançadas que a lei federal que disciplina a segurança
bancária. E a Justiça tem sido unânime em negar os recursos dos
bancos e afirmar que estados e municípios tem, sim, competência
para tratar deste tema. Ao mesmo tempo, as entidades tem atuado em
várias frentes para buscar a reformulação da legislação federal.
Desde 2007, existe um Projeto de Lei que cria o Estatuto de Segurança
Privada, que vem sendo objeto de várias audiências e reuniões.  

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