HSBC não atende reivindicações sobre PPR/PSV e frustra funcionários



O Sindicato e a Contraf-CUT retomaram na manhã desta terça-feira (31) as negociações com o HSBC, na sede da Confederação, no centro de São Paulo. Essa foi a primeira rodada em 2012, após cobrança da Contraf-CUT pela reabertura do diálogo, através de carta enviada ao banco inglês em 11 de janeiro.

O principal ponto da pauta foi a reivindicação de alterações no PPR/PSV de 2011, dentre elas a não compensação dos programas próprios de remuneração variável na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da categoria. 

“Apesar de ser positiva a retomada do diálogo, contando inclusive com a participação da diretora de Recursos Humanos, Vera Saicali, a negociação frustrou o movimento sindical. Tínhamos a expectativa de que o banco apresentasse algo de concreto com relação ao pagamento do PPR/PSV, no próximo 27 de fevereiro. Ao contrário, o banco disse que não pode alterar nada em relação ao programa de 2011, mesmo reconhecendo que existem diversas falhas no programa”, critica Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT. “Os bancários vão continuar sendo injustiçados com a compensação do PPR/PSV na PLR”, explica.

“Nos últimos anos tem havido uma grande injustiça com os funcionários. Eles se sentem enganados. Muitos nada recebem de PPR/PSV, apesar de se esforçarem e atingirem as metas. Como o programa próprio é compensado na PLR, na maioria dos casos fica valendo somente o pagamento já assegurado pela negociação nacional dos bancários”, ressalta Miguel.

O dirigente sindical lembra que até no texto do programa de 2011 está prevista a possibilidade da revisão. Este é o caso, uma vez que está assegurado como pagamento do PPR B para toda a área administrativa um valor inferior ao que está assegurado na convenção coletiva da categoria. Há ainda a possiblidade de o CEO (Chief Executive Officer) do HSBC fazer alterações, que já foram feitas em outras ocasiões para aplicar redutores e alterar o programa. 

“Diante destas condições reais de mudanças, o banco demonstra uma grande insensibilidade e uma má vontade de resolver a questão. O inconformismo dos bancários é latente e amplamente demonstrado ao banco, através de protestos, manifestações no blog do presidente e também constatado pela pesquisa interna, realizada pelo próprio banco”, afirma Sergio Siqueira, diretor da Contraf-CUT.

Miguel lembra que a lei federal nº 10.101/2001 prevê a possibilidade de compensação entre programas próprios das empresas e os ajustados na convenção coletiva. “Mas isso não é obrigatório. Tanto que a maioria dos demais bancos do sistema, que possuem programas próprios, tem garantido o pagamento das duas remunerações”, justifica. 

Produção a todo custo – Durante a negociação foi afirmado pela diretora de RH que não basta somente uma boa performance em vendas para ser bem avaliado, mas que é preciso fazê-lo dentro dos valores éticos da corporação. “Infelizmente não é isso o que ocorre nas dependências do banco. Diante de tanta pressão, os trabalhadores acabam fazendo de tudo para atingir as metas abusivas, muitas vezes às custas do comprometimento da própria saúde ou de injustiças praticadas contra colegas”, denuncia Miguel. 

Um exemplo disso é como tem sido realizadas as avaliações individuais dos funcionários – CDP, particularmente da área de back office, onde estão cerca de 14 mil bancários. O maior peso é dado pela participação nas vendas. 

Os bancários com avaliações CDP 4 e 5 estão automaticamente excluídos do programa; nota 3 no CDP garante aplicação de multiplicador de 1,05%; notas 1 e 2 no CDP assegura a aplicação do fator multiplicador 1,15%. “Ou seja, 70% do corpo funcional, mesmo que tenha boa performance, receberão apenas 5% a mais do que já está previsto na regra da PLR da convenção coletiva , revelando que o programa não é nada motivacional”, avalia o dirigente sindical. 

“Outro problema diz respeito ao fato de a avaliação ser feita por gerente de vendas, cujo foco é venda de produtos e serviços, fugindo da filosofia exaltada pela diretora de RH”, ressalta Miguel. 

Para os elegíveis ao PPR C, o problema é outro: as metas definidas são inatingíveis, chegando ao ponto de um gerente advance ter que pontuar em 86 quesitos e a prática conservadora do banco por si só dificultar a performance dos gerentes. 

No início do programa próprio de remuneração, os pagamentos eram distintos (PPR + PLR) e não havia metas individuais. “Os valores pagos aos gerentes causavam reflexos trabalhistas importantes, como recolhimento do INSS, depósitos no FGTS, reflexos no calculo de férias e 13º salário”, lembra Miguel.

“Mas ao longo do tempo, o banco vem alterando e piorando o programa não só pela compensação entre os dois programas, como pela diminuição dos valores pagos. As últimas versões do programa pioraram, transformando PTI em PSV e aumentando o descontentamento e os conflitos entre as áreas de negócios e o back office das agências”, avalia Miguel.

Reivindicações dos funcionários 

– A separação e não compensação dos programas próprios da PLR da convenção coletiva dos bancários;
– A garantia de um pagamento mínimo a todos, independentemente da performance;
– a negociação direta do programa com o movimento sindical e não mais através da comissão interna indicada pelo banco;
– o fim das metas abusivas; e
– a não imposição de metas individuais e sim coletivas.

Mobilização – Diante da negativa do banco em alterar o contrato do PPR/PSV 2011, os dirigentes adiantam que os sindicatos em todo o país irão explicitar todos os problemas e implicações relacionados ao programa de metas do banco, dialogando com os funcionários nas agências e departamentos. 

“Existe um desconhecimento por parte dos trabalhadores de que os programas próprios são descontados na PLR da convenção coletiva, mas os problemas vão muito além. Vamos fazer uma campanha para que os bancários compreendam o que está em jogo”, ressalta Miguel. 

Outra questão a ser definida é um calendário proposto e acatado pelo banco de reuniões nas federações, com o objetivo de os sindicatos apresentarem diretamente ao banco problemas específicos e localizados, que não façam parte da pauta nacional. Essas reuniões terão a participação também da Contraf-CUT.

Para as demais questões da pauta, a Contraf-CUT irá contatar a direção do HSBC para a definição do calendário de reuniões, conforme definido para que as mesas de negociação aconteçam em um menor prazo possível. 

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