Dos dez maiores mercados do país, o Recife é o que mais prestigia o
cinema nacional. De acordo com o portal de análise do mecado FilmeB,
19,5% do público da capital pernambucana assistiram a filmes brasileiros
em 2011. Prova de que a vitalidade da produção nacional não está
somente no potencial criativo dos filmes independentes, que neste ano
tiveram mais espaço no latifúndio exibidor graças ao projeto Vitrine.
Está também na capacidade de atrair muita gente para as salas de cinema.
Comédias e melodramas predominam. Com um público de 3,5
milhões, De pernas pro ar, de Roberto Santucci, é a maior bilheteria do
ano. Cilada.com, Qualquer gato vira-lata, O homem do futuro,
Bruna Surfistinha e Assalto ao Banco Central também ultrapassaram a
marca de um milhão de espectadores. A tendência deve se repetir em
2012, em filmes como As aventuras de Agamenon, o repórter, com Marcelo
Adnet e Luana Piovani; E aí, comeu?, com Bruno Mazzeo; Tainá 3 – A
origem; e À beira do caminho, de Breno Silveira.
Se, por um
lado, Tropa de Elite 2 e seus 11 milhões de espectadores se confirmaram
como caso isolado, a boa nova é que, entre tantos filmes com os dois
pés no entretenimento televisivo (tachados de “globochanchadas”), fomos
surpreendidos pela sensível viagem
cinematográfica de O Palhaço, escrito, dirigido e estrelado por Selton
Mello, que ano que vem estrela as comédias Reis e ratos e Billi Pig.
Dois grandes nomes do Brasil apresentam novos trabalhos no mercado
internacional: Fernando Meirelles, com 360, e Walter Salles, com On the
road. De pernambuco, Era uma vez Verônica, de Marcelo Gomes e Febre do
rato, de Cláudio Assis, são duas prováveis produções a ter carreira
internacional, assim como Praia do Futuro, de Karim Aïnouz. Também vêm
aí, A hora e a vez de Augusto Matraga, com Fernanda Montenegro, João
Miguel e José Wilker (em 2012, Wilker estreia como diretor em Giovanni
Improtta); Xingú, de Cao Hamburger; Corações sujos, de Vicente Amorim; e
Paraísos artificiais, de Marcos Prado, com produção de José Padilha.
Nos 15 anos de morte de Renato Russo, os fãs da Legião Urbana não podem
reclamar. Neste ano, ganharam o documentário do mestre Vladimir
Carvalho Rock Brasília – Era de ouro. E, ano que vem, estreiam Faroeste
Caboclo e Somos tão jovens, a cinebiografia de Russo. Os dez anos de
morte de Cássia Eller também serão lembrados em documentário de Paulo
Henrique Fontenelle (Loki). E Raul Seixas ganha o filme O início, o fim
e o meio, de Walter Carvalho.
Em Pernambuco, o cenário não
poderia estar melhor. Com o novo edital do audiovisual (R$ 11,5
milhões), a produção deve se fortalecer. Começamos 2012 com três longas
em 35mm na agulha: Verônica, Febre do rato e O som ao redor, de Kleber
Mendonça. E 2011 certamente ficará na memória dos cinéfilos que, nos
40 anos de Laranja Mecânica puderam assistir a todos os filmes de
Stanley Kubrick no São Luiz, um luxo só equiparado à mostra promovida
em Paris, pela cinemateca francesa. (A.D)
Top 10
Os dez melhores de 2011 (nacionais)
1 Trabalhar cansa, de Marco Dutra e Juliana Rojas
2 Estrada para Ythaca, de Luiz e Ricardo Pretti e Guto Parente
3 O Palhaço, de Selton Mello
4 Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro
5 Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano
6 Pacific, de Marcelo Pedroso
7 As canções, de Eduardo Coutinho
8 Ex-isto, de Cao Guimarães
9 Transeunte, de Erick Rocha
10 A cidade sob os ombros, de Sérgio Borges