O Sindicato participou, nos dias 28 e 29 de novembro, do 1º Fórum Nacional sobre a Invisibilidade Negra no Mercado Financeiro. A iniciativa, inédita, é da Contraf/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e o encontro foi realizado em Salvador, escolhida recentemente como capital negra das Américas. “É um tema em que precisamos avançar. O movimento sindical, incluindo os bancários, conseguiram incluir em seus acordos coletivos 503 cláusulas referentes às questões de gênero. Mas, no que diz respeito a igualdade racial, há apenas 35 cláusulas”, afirma a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues.
Além dela, o Sindicato foi representado pela secretária da Mulher, Sandra Albuquerque; pela diretora Eleonora Costa e pelo diretor Edmar Matias. A ideia é que as propostas discutidas durante o encontro sirvam como base na definição da pauta de reivindicações da categoria. Na Convenção Coletiva dos Bancários, a única cláusula que trata da questão racial é a 46ª, que estabelece a criação de uma comissão de igualdade de oportunidades, para implantar propostas de combate à qualquer tipo de discriminação.
Além de Pernambuco, estavam presentes representantes dos bancários em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Sul, Acre, Bahia, Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Pará, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal. A Febraban – Federação Brasileira dos Bancos, mesmo convidada, não compareceu aos debates.
Em painel sobre “A experiência da categoria bancária no combate à discriminação”, o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro lembrou que uma alegação dos bancos para justificar a ausência de negros nos bancos caiu por terra: a grande diferença educacional. “Os dados do Mapa da Diversidade mostram que hoje negros e brancos têm o mesmo grau de instrução. Mas o sistema financeiro continua discriminando e não tem ações para mudar isso”, criticou.
No mesmo painel, a representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, garantiu que está revendo compromissos de diversos setores assumidos com o governo à luz do Estatuto da Igualdade Racial, inclusive o protocolo com a Febraban.
Cobrada pelos dirigentes sindicais, ela se comprometeu em incluir a Contraf-CUT nas discussões das ações a serem tomadas pelos bancos, que deverão recomeçar no início de 2012. E destacou que, entre as medidas propostas pelo governo, está a divulgação de indicadores com pesquisas a cada dois anos, garantindo um conjunto de dados que permita o acompanhamento das políticas adotadas.
Ao final do evento, a categoria assinou uma carta-compromisso, com a definição de algumas ações e encaminhamentos. Confira:
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Promover
formação sindical sobre a questão racial; -
Realizar
atos e manifestações com material específico sobre a temática em
datas comemorativas; -
Criar
coletivos temáticos nas entidades e assim fortalecer a CGROS
através das representações; -
Ampliar
parcerias com os movimentos sociais; -
Fazer
a verificação da inserção da população negra nos locais de
trabalho, tanto na admissão como na carreira, através de pesquisa
ou outras formas de verificação; -
Dar
também visibilidade aos/as dirigentes afrodescentes nos materiais
sindicais a fim de criar uma identificação com os bancários na
base; -
Pautar
na mesa temática de igualdade de oportunidades ações afirmativas
que visem ampliar a contratação de negros, negras e indígenas; -
Propor
audiências públicas junto aos parlamentares sobre a temática e
situações que perpassam a questão da discriminação; -
Fazer
uma articulação com a agenda das centrais; -
Promover
qualificação profissional nos termos das certificações focada na
população negra; -
Participar
ativamente das ações governamentais através dos protocolos de
intenções com a SEPPIR, SPM e MEC; -
Garantir
a transversalidade de gênero, raça, orientação sexual e pessoa
com deficiência na elaboração da minuta e na mesa de negociação; -
Desenvolver
campanhas pela efetivação das Convenções 100 e 111 da OIT; -
Manifestamos
nossa posição contrária à fusão da SEPPIR, SPM e Secretaria
Nacional da Juventude em um único ministério porque isso retira o
protagonismo e invisibiliza ainda mais as mulheres, os negros e os
jovens; -
Defendemos
a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial para dar
sequência ao processo virtuoso de promoção de igualdade de
oportunidades iniciado nos últimos anos.