Travestis e transexuais são maioria entre as pessoas que procuraram
o Núcleo de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Nept) da
Secretaria de Estado da Justiça de São Paulo. Entre os 154 atendimentos
prestados pelo Nept neste ano, 110 foram para travestis ou transexuais.
A coordenadora do órgão, Juliana Felicidade Armede, diz que esse “é um
grupo de risco vulnerável” à exploração devido ao preconceito.
A situação é agravada, segundo Juliana, porque São Paulo tem uma
série de fatores que contribuem para a exploração sexual. Entre os
atendimentos do Nept neste ano, 117 foram referentes a esse tipo de
abuso. Segundo ela, o estado tem uma malha rodoviária que possibilita a
prostituição.
O grande movimento facilita, de acordo com a coordenadora, o
aliciamento de pessoas de municípios do interior paulista, como
Sorocaba, Campinas e Registro, e de de outras partes do país. “Temos
pessoas vindo de outros estados.”
No caso de transexuais, São Paulo tem atrativos adicionais para
esse grupo. Muitas vezes, essas pessoas não têm seus direitos
respeitados nas regiões de origem. “A pessoa não é respeitada nem
sequer admitida no seu seio familiar”, assinala Juliana.
Muitos transexuais que decidem se mudar para São Paulo se endividam
com aliciadores para pagar as despesas de viagem. Sem família ou
amigos, essas pessoas acabam sem ter a quem recorrer e são submetidas à
prostituição para saldar as dívidas.