O Banco do Brasil
alcançou lucro de R$ 9,154 bilhões nos nove primeiros meses de
2011, segundo dados do balanço oficial da empresa, divulgado nesta
quinta-feira (3). O resultado é 18,9% maior que o apurado no mesmo
período de 2010. Neste mesmo período, a empresa abriu 4.568 novos
postos de trabalho.
No entanto, outros números presentes no
balanço do banco não são tão animadores. O banco arrecadou com
tarifas cobradas de seus clientes R$ 13,215 bilhões, um crescimento
de 11,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro
lado, mesmo com o aumento no número de funcionários, as despesas de
pessoal da empresa ficaram em R$ 9,9 bilhões. Assim, o banco
consegue pagar 1,32 vezes sua folha de pagamento apenas com o
arrecadado em tarifas bancárias.
“O aumento do número
de funcionários é uma boa notícia, mas a enorme arrecadação do
banco somente com tarifas cobradas diretamente dos clientes mostra
que há muito espaço para mais contratações”, afirma Marcel
Barros, secretário-geral da Contraf-CUT e funcionário do BB. “É
preciso contratar mais para diminuir a sobrecarga dos bancários e
melhorar o atendimento aos clientes. Além disso, a geração de
emprego e renda é fundamental para que o Brasil possa enfrentar os
efeitos da crise internacional”, sustenta.
Crédito – Os
clientes também são atingidos pelo spread bancário (diferença
entre o custo do banco ao captar dinheiro e os juros cobrados nos
empréstimos). Enquanto o spread global está em 5,8%, a taxa nas
operações de crédito (que exclui operações subsidiadas pelo
governo) é bem maior: 8,5%. No caso das pessoas físicas, o spread
fica em 14,6%.
Os dados referentes ao crescimento da carteira
de crédito do banco mostram que o crédito à pessoa física segue
no foco da instituição. As modalidades CDC Consignação e CDC
Salário cresceram respectivamente 16,2% e 19,9%, alcançando R$ 65
bilhões. Enquanto isso, o crédito para o Agronegócio, setor em que
o banco tem tradicionalmente forte presença, cresceu a taxas
menores: 14,1 para pessoa jurídica e 11,4% para pessoas
físicas.
“Essas variações mostram que o banco cada vez
mais aposta no crédito para o consumo e não para a produção”,
afirma Marcel. Essa visão é corroborada pelas estimativas de
crescimento para o próximo período divulgadas pelo banco. A empresa
esperar aumentar em 21% as operações de crédito para pessoa
física, enquanto os empréstimos para o agronegócio devem crescer
12%. “Com isso, a empresa deixa de financiar atividades que
geram empregos e desenvolvimento par ao país, se afastando de seu
papel de banco público”, completa.