Segundo o secretário de Assuntos
Jurídicos do Sindicato, Alan Patrício, os bancos têm usado o
interdito proibitório de maneira deturpada. “O interdito é um
instrumento jurídico previsto no Código de Processo Civil e sua
finalidade é garantir a posse de uma propriedade que está sob
ameaça de ocupação. Ele é usado, em geral, nas brigas por terra
em áreas rurais. Mas os bancos usam este instrumento como se o
Sindicato estivesse ameaçando a posse de suas agências e, assim,
tentam impedir o legítimo direito de greve dos trabalhadores”,
conta Alan, que ressalta: “a própria Justiça tem divergências
quanto à utilização do interdito em greves”.

O interdito
do Bradesco em Igarassu foi entregue ao Sindicato por um oficial de
Justiça durante a assembleia dos bancários desta terça-feira. “O
mais incrível é que o Bradesco fez o oficial de Justiça trabalhar
fora do seu horário de serviço, pois já era mais de 18h30 quando a
liminar foi entregue. Na semana passada, o banco já havia usado o
oficial de Justiça para percorrer todas as agências do Recife no
carro do Bradesco, junto com o advogado do banco. É um absurdo o
abuso que a empresa faz do seu poder econômico”, afirma Alan.

O
interdito conseguido pelo Bradesco, no entanto, não proíbe que o
Sindicato realize manifestações e protestos na porta das agências
de Igarassu. Apenas impede que a entidade bloqueie a entrada das
unidades, atitude que o Sindicato não costuma ter. “Nós vamos aos
bancos para convencer os bancários a aderirem à greve e para
realizar manifestações. Não bloqueamos a entrada das agências,
até porque os próprios bancários têm fechado as unidades, mesmo
quando o Sindicato não está presente. Apesar dos cinco interditos
que o Bradesco ingressou na Justiça, a greve no banco continua forte
porque os funcionários estão parando por conta própria, numa prova
de que as condições de trabalho e a falta de valorização dos
funcionários estão além de qualquer limite”, explica
Alan.

Decisões favoráveis – Além da derrota na Justiça
para o pedido de interdito proibitório do Bradesco em Olinda, o
banco Itaú também foi derrotado em seu intento de garantir a
abertura das agências do Recife.

Segundo a sentença expedida
pela juíza Sarah Yolanda para o Itaú, “o que a mídia escrita e
virtual tem noticiado nas últimas horas é que o movimento grevista
dos bancários tem sido conduzido em clima de tranquilidade, sem
registro de problemas dentro das unidades bancárias. (…) Enfim,
segundo meu juízo liminar, não existem nos autos prova suficiente
para deferimento da medida postulada, motivo porque indefiro, por
ora, o pedido de expedição do mandato proibitório”.