CUT, centrais e movimentos sociais marcham pela Palestina livre e soberana

Uma multidão tomou as ruas da capital paulista no
final da tarde de terça-feira (20) em apoio ao reconhecimento do
Estado da Palestina, já! Convocada pela Central Única dos
Trabalhadores (CUT), centrais sindicais, movimentos sociais e
partidos populares, a manifestação – realizada em vários países
do mundo – antecedeu a abertura da Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), onde a presidenta Dilma Rousseff, primeira
mulher a abrir o evento, defendeu o direito do povo palestino à sua
Pátria, soberana, livre da opressão israelense.

A
concentração iniciou frente ao Teatro Municipal de São Paulo, onde
uma gigantesca bandeira palestina foi aberta, recebendo o abraço da
população e da comunidade árabe. Bandeiras das centrais sindicais
e das entidades estudantis UNE, UBES e UMES tremulavam lado a lado,
enquanto faixas e cartazes denunciavam os crimes praticados por
Israel.

Discursando nas escadarias do Municipal, o secretário
de Relações Internacionais da CUT, João Antonio Felício, deu um
depoimento emocionado sobre o que viu quando esteve na Palestina, ao
lado da secretária geral da Confederação Sindical Internacional
(CSI), Sharon Burrow, durante as comemorações do 1º de Maio deste
ano.

“São 800 quilômetros de muro com os quais os
israelenses impedem que os palestinos circulem em seu próprio país,
são muros que servem para lhes roubar a água, para impedir que suas
crianças vão à escola, para segregar. É uma política de
assentamentos ilegais para expulsar a população que não se dobra à
política belicista e excludente. Daí a nossa solidariedade e a
convicção de que o reconhecimento do Estado palestino é o único
caminho para a construção da paz na região”, acrescentou João
Felício.

Conforme o presidente da CUT, Artur Henrique, que
liderou a passeata ao lado do secretário geral, Quintino Severo, a
militância respondeu ao chamado, pois compreendeu que este é um
momento histórico onde o motor deve ser a solidariedade. “O
povo brasileiro está nas ruas para dizer que apoia a criação do
Estado palestino e é contra a posição que Israel e Estados Unidos
vão defender na ONU. Viva a Palestina, a justiça, a paz e a
liberdade”, sublinhou Artur.

Do alto do caminhão, a
secretária nacional de Comunicação da CUT e da Coordenação dos
Movimentos Sociais (CMS), Rosane Bertotti, coordenou o evento,
destacando o papel da unidade do conjunto do movimento sindical e
social brasileiro, ao lado dos partidos progressistas, para fazer
valer o direito dos povos. “Esta amplitude é fundamental para
conseguirmos derrotar a política de terrorismo de Estado e apartheid
adotada por Israel contra os palestinos”, assinalou Rosane,
destacando a presença de mais de duas mil pessoas no
evento.

Representando o MST (Movimento dos Trabalhadores
Sem-Terra), Marcelo Buzetto lembrou a frase do revolucionário
argentino Ernesto Che Guevara: “Se você treme de
indignaçãoperante uma injustiça no mundo, então somos
companheiros”. Buzetto ressaltou que a luta em defesa do estado
palestino tem apoio entre os judeus e israelenses, mas que o governo
de direita de Israel – bem como a mídia internacional – manipulam
informações com vistas a colocar a questão como um conflito
religioso, a fim de justificar o injustificável.

“Desde
1947, quando foi aprovada a criação do Estado de Israel, seus
governos vêm desrespeitando as resoluções da ONU e impedem os
palestinos de terem a sua liberdade”, acrescentou o dirigente do
MST. A Via Campesina compareceu à manifestação com várias
lideranças de trabalhadores rurais da Argentina, Chile, El Salvador,
Honduras, México e Nicarágua.

Para Sônia Coelho, da Marcha
Mundial das Mulheres, a luta do povo palestino pela sua
auto-determinação e soberania toma agora outra dimensão, com a
mobilização de centenas de milhares de pessoas em todo o mundo para
se libertar da opressão. “Mulheres livres, povos soberanos”,
enfatizou Soninha.

O presidente da União Nacional dos
Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, lembrou que “foram gerações
de militantes e combatentes sociais, amantes da paz e da vida, que se
mobilizaram em defesa do povo palestino e pelo fim do genocídio
praticado por Israel”. “Foram gerações que construíram o
dia de amanhã, onde começa a nascer a Palestina livre”,
anunciou.

Centrais unidas – De acordo com o presidente
da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner
Gomes, é hora de estar ao lado do povo palestino quando ele
reivindica “a sua Pátria, o seu Estado, a sua nação”.

O
secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves
(Juruna), frisou que a manifestação reverberava o sentimento de
“paz e solidariedade, a busca de entendimento entre os povos, a
voz e o grito de justiça em defesa da Palestina livre”.

Ao
lado da secretária de Relações Internacionais da Central Geral dos
Trabalhadores do Brasil (CGTB), Maria Pimentel, o presidente
estadual, Paulo Sabóia, lembrou que “as agressões torpes do
Estado de Israel contra os palestinos têm o financiamento do governo
dos EUA, pois o imperialismo não quer que haja paz na
região”.

Soberania – O vice-líder do PT na
Assembleia Legislativa de São Paulo, Marcos Martins, denunciou o
muro da vergonha com que Israel reproduz a política de apartheid
utilizada pela elite branca contra os negros na África do Sul e
enfatizou que “não haverá paz sem que haja o reconhecimento da
Palestina”.

Em nome do Partido Socialista Brasileiro
(PSB), Arnaldo Saldanha, frisou que ao votar pelo reconhecimento do
Estado palestino o governo brasileiro está manifestando o seu
compromisso com a paz, o desenvolvimento e a justiça.

Presente
ao encerramento do ato, em frente à Câmara Municipal, o presidente
da Casa, vereador José Police Neto, lembrou que o reconhecimento do
estado palestino coroa uma luta de décadas, que foi vencida com
muita determinação contra a opressão.

O presidente nacional
do PCdoB, Renato Rabelo, lembrou que desde 1947, quando a ONU votou
pela partilha da Palestina, apontou para a criação de dois Estados.
Infelizmente, ressaltou, são mais de 60 anos onde o povo palestino
suporta sofrimentos, privações e perseguições. Agora, frisou, é
o momento de que seja feita a reparação desta
injustiça.

Representando o Partido Pátria Livre (PPL),
Nataniel Braia destacou que “chegou a hora do alvorecer de uma
nova era dos povos, livres do imperialismo”. “Os mesmos que
trabalham na ONU contra o reconhecimento do estado palestino são os
que jogam bombas na Líbia e financiam os golpistas na Síria”,
acrescentou.

Encerrando o ato, o embaixador da Palestina no
Brasil, Ibrahim Alzeben, destacou que “a partir de hoje, a luta
pelo estado palestino independente, livre e com Jerusalém como
capital ganha uma nova dimensão”. Ibrahim denunciou a
manutenção nos cárceres de Israel de milhares de presos políticos
palestinos e enfatizou que é chegada a hora de libertar Israel do
belicismo de seus mandatários de direita.

“Israel
precisa ser libertado dos que querem continuar a matança. Nós
queremos nossos filhos empregando sua inteligência para a vida, não
para a arte de matar. Não queremos que nossos filhos sejam heróis,
nem que os filhos dos israelenses sejam assassinos. Por isso agradeço
a todos e a cada um de vocês por este exemplo de solidariedade, que
é o que diferencia os seres humanos”, declarou.

O
embaixador lembrou que em Ramalah, na Cisjordânia, onde atualmente
está sediada a Autoridade Nacional Palestina (ANP), próxima ao
busto do ex-presidente e líder Yasser Arafat, “a principal rua
da cidade tem o nome de Brasil”. “Obrigado Lula, obrigado
Dilma, obrigado povo brasileiro”, concluiu.

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