Bancos negam reivindicações sobre saúde e ironizam as metas abusivas

Mais uma rodada de
negociação com os bancos terminou de forma decepcionante para os
bancários. Na reunião desta segunda-feira, dia 5, as instituições
financeiras, mais uma vez, negaram todas as reivindicações
apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários. Pior: os
representantes dos bancos desdenharam dos trabalhadores sobre suas
demandas de saúde e condições de trabalho. A negociação
prossegue nesta terça-feira, dia 6.

“Os bancos chegaram a
dizer que não há metas abusivas para os funcionários e até
questionaram os números que apresentamos sobre o aumento de doenças
ocupacionais em razão da pressão pelo aumento da produtividade”,
conta a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues,
que está em São Paulo para representar os bancários de Pernambuco
nas negociações desta semana.

Durante a reunião desta
segunda, o Comando Nacional dos Bancários fez uma longa explanação
sobre as precárias condições de trabalho nos bancos, apontando a
relação direta que existe entre o assédio moral e as metas
abusivas. “Tudo isso é reflexo do modelo de gestão adotado pelos
bancos. Hoje, a categoria bancária é uma das que mais sofrem com
doenças ocupacionais, inclusive com problemas psicológicos, por
conta das metas abusivas e do assédio moral”, explica
Suzineide.

Segundo levantamento do INSS, as doenças mentais,
provocadas pela pressão por cumprimento de metas e pelo assédio
moral, já se aproximam do número de casos de LER/DORT. Entre
janeiro e junho de 2009, por exemplo, 6.800 bancários no Brasil
foram afastados por doenças, dos quais 2.030 por LER/DORT e 1.626
por transtornos mentais. Pesquisa da Universidade de Brasília
revelou que houve 181 suicídios de bancários entre 1996 e 2005, o
que dá uma média de 18 por ano.

Para combater o desrespeito
dos bancos, os bancários propõem, entre outras coisas, a
participação dos trabalhadores na fixação das metas, que devem
levar em consideração o tamanho, a localização e o perfil
econômico das dependências. O Comando Nacional também reivindicou
que não haja meta de venda de produtos para os caixas. E que as
metas não sejam individuais nem comparadas por quaisquer tipos de
ranking.

Descaso – Os representantes dos bancos disseram que
o estabelecimento de metas é prerrogativa da gestão das empresas,
informaram que a recomendação das direções é evitar a divulgação
de ranking individual de metas, afirmaram não ser possível fazer
qualquer relação entre metas, assédio moral e adoecimento dos
trabalhadores, e questionaram as metodologias das pesquisas sobre
saúde dos bancários. Os banqueiros também declararam que os
bancários estão satisfeitos com as metas e que quando um
trabalhador sai do banco é para ir trabalhar em outro banco.

“Quando não têm argumentos, os banqueiros questionam
nossas pesquisas, demonstrando que eles não estão preocupados com a
saúde dos trabalhadores. Chegaram a duvidar dos dados extraídos do
anuário estatístico do INSS”, critica Carlos Cordeiro, presidente
da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT).

Em resposta ao questionamento dos bancos, o
Comando Nacional propôs a realização de uma pesquisa nacional
conjunta sobre a saúde dos bancários e sobre as metas, além da
inclusão na Convenção Coletiva de uma cláusula proibindo a
divulgação de rankings individuais sobre cumprimentos de metas. Os
negociadores da Fenaban ficaram de levar essas propostas para a
avaliação dos bancos.

O Comando Nacional e os representantes
dos bancos concordaram com a retomada imediata da comissão de
acompanhamento da cláusula de prevenção de assédio moral para
concluir o balanço dos primeiros seis meses de vigência do
programa.

Eliminação de riscos – O Comando Nacional dos
Bancários defendeu a cláusula da pauta de reivindicações segundo
a qual os bancos não podem manter funcionários trabalhando no mesmo
ambiente físico que esteja passando por reformas. Os representantes
da Fenaban não aceitaram incluir essa cláusula na Convenção
Coletiva, afirmando que esse é um tema para discussão empresa por
empresa, caso a caso.

Os negociadores dos banqueiros também
rejeitaram a reivindicação de manutenção da complementação
salarial em valor equivalente à diferença entre a importância
recebida do INSS e a remuneração total recebida pelo trabalhador
(como salários, comissões, gratificações, adicionais, PLR, como
se na ativa estivesse) até o fim do auxílio-doença.

A
Fenaban recusou também a proposta de que ampliação da
licença-maternidade de quatro para seis meses seja automática, sem
a necessidade de opção por parte da bancária.

Negociação
no dia 12 –
A última das cinco rodadas de negociação agendadas
pelos bancos há duas semanas foi antecipada pela Fenaban em um dia.
A reunião, que visa debater as reivindicações sobre remuneração,
será realizada na próxima segunda-feira, dia 12.

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