Caixa e BB puxam crédito no segundo trimestre e Santander freia

Os bancos públicos puxaram o crescimento do
crédito no país de abril a junho deste ano. As carteiras da Caixa
Econômica Federal e do Banco do Brasil tiveram uma expansão somada
de R$ 34,1 bilhões na comparação com março, com crescimento de 8%
e 5,1%, respectivamente. É um volume de empréstimos e
financiamentos maior do que a soma das três maiores instituições
privadas no país – Itaú Unibanco, Bradesco e Santander -, que
adicionaram R$ 29,7 bilhões.

Isso acabou se refletindo na
última linha do balanço dos bancos públicos. A média de
crescimento do lucro das cinco maiores instituições do país foi de
8,2%, mas Caixa (79,9%) e Banco do Brasil (14,5%) avançaram acima
disso.

Em meados do ano passado, os três bancos privados
chegaram a ensaiar uma reação para retomar o espaço perdido
durante a crise econômica de 2008, mas a estratégia não tem
vingado até agora. No acumulado deste ano, esse movimento se repete:
os públicos colocaram R$ 55,2 bilhões, e os privados R$ 50
bilhões.

Dois movimentos explicam esse desempenho dos bancos
públicos. Um deles é a própria velocidade das contratações de
novas operações de crédito dentro das instituições controladas
pelo governo, que crescem a passos mais largos. A média de
crescimento das carteiras dos cinco maiores bancos do país foi de
5,1% de março para junho deste ano, mas só Caixa e Banco do Brasil
ficaram nesse patamar ou acima dele.

Aliado a isso está o
ritmo mais modesto de crescimento do Santander em relação a seus
principais concorrentes no Brasil. Desde julho do ano passado, a
subsidiária brasileira do banco espanhol perdeu para a Caixa a
quarta colocação entre as maiores carteiras de crédito do país,
entre os bancos com operação de varejo.

Essa inversão de
posições ocorreu depois de o Santander ter feito uma oferta de
ações na bolsa de valores de R$ 13,8 bilhões em outubro de 2009,
sob o argumento de que pretendia crescer suas operações no país.
Naquela época, o banco espanhol tinha uma carteira de crédito de R$
136 milhões, enquanto a Caixa acumulava R$ 112 milhões, uma
diferença de R$ 24 bilhões. Em junho deste ano, com as posições
invertidas, a vantagem do banco estatal sobre o Santander foi de R$
30 bilhões.

No último trimestre, o motor de crescimento da
Caixa continuou sendo a habitação, cuja carteira para pessoas
físicas e jurídicas avançou R$ 12,6 bilhões.

As concessões
de crédito imobiliário da Caixa atingiram R$ 45 bilhões até
agosto deste ano, volume acima do esperado, o que levou a uma revisão
da meta para cima. “Esperávamos atingir R$ 81 bilhões neste
ano. Mas, com os números até agosto, revisamos as metas e já
esperamos atingir R$ 90 bilhões em concessões no ano”, disse o
presidente da Caixa, Jorge Hereda na semana passada, durante a
divulgação de resultados. Parte disso deve vir do Minha Casa Minha
Vida, cujas liberações para a faixa de zero a três salários devem
começar no segundo semestre.

Outro segmento importante para a
Caixa foi o de crédito comercial, aquele voltado para as empresas.
Só a linha de capital de giro teve um crescimento de R$ 3,7 bilhões,
alta de 16,9% no trimestre.

A questão que se coloca para o
fim do ano é: os bancos públicos continuarão puxando a expansão
do crédito no país como aconteceu no segundo trimestre? Itaú
Unibanco, Bradesco e Santander não reviram suas projeções de
carteira para 2011, mas já deram sinais de que esperam que o
crescimento não alcance o teto das metas. Além disso, com medo do
calote, estão se refugiando em linhas de menor risco, como
empréstimos com desconto em folha de pagamento.

Na Caixa, a
meta traçada no começo do ano foi de um aumento de 30% da carteira,
mas o número tem sido considerado pela própria diretoria como
conservador, tanto pelo desempenho dos anos anteriores quanto pelos
números do primeiro semestre. A aposta está na ampliação da
carteira comercial, que chegou a R$ 63,2 bilhões no primeiro
semestre, com crescimento de 21,7% em doze meses.

Em sentido
oposto, o Banco do Brasil reviu para baixo suas expectativas para os
empréstimos e financiamentos. De um crescimento de 17% a 20% no ano
para o patamar mais moderado de 15% a 18%.

Em entrevista
coletiva na semana passada, Aldemir Bendine, presidente do Banco do
Brasil, afirmou que a revisão está relacionada às medidas de
contenção ao crescimento do crédito anunciadas pelo governo no fim
do ano passado. “Não tínhamos contemplado as medidas
macroprudenciais na projeção e decidimos esperar o fim do primeiro
semestre para rever”, disse Bendine.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi