Egito: tanques voltam à praça Tahrir

O
exército egípcio voltou a posicionar tropas na praça Tahrir, no
Cairo, na segunda-feira e soldados dispararam para o ar para
dispersar manifestantes pró-democracia. Os manifestantes desafiaram
um veículo militar durante uma operação para retirar acampados da
praça. As tropas egípcias acabaram entrando em choque com um
pequeno grupo de manifestantes acampados na praça para pressionar
por mudanças políticas mais rápidas no país e justiça para os
manifestantes mortos na revolta que derrubou o presidente Hosni
Mubarak.

A operação militar pôs fim a quase um mês de
renovados protestos diários na praça central que foi o berço da
revolta de 18 dias que derrubou Mubarak, em fevereiro. A televisão
estatal mostrou veículos do exército na praça derrubando tendas e
toldos que estavam abrigando os manifestantes acampados.

Autoridades
locais disseram que pediram aos manifestantes para liberar o tráfego
na praça, depois que comerciantes entraram em confronto com
manifestantes por interferir nos seus negócios. Os acampados teriam
se recusado a liberar a praça e, por essa razão, a polícia militar
teria entrado na praça. Os manifestantes responderam atirando pedras
nas forças de segurança e vários deles ficaram feridos no
confronto, informaram as autoridades. Ativistas disseram que vários
manifestantes foram presos.

Membros do movimento de protesto
6 de abril disseram que os militares não só invadiram a praça,
como atacaram uma mesquita onde os manifestantes procuraram abrigo.
Sherine Tadros, da Al Jazeera, disse que “havia uma divisão entre
os manifestantes, com uns querendo sair e outros querendo ficar”.

Na
segunda-feira, a praça tinha entre 200 e 300 pessoas acampadas.
Agora está cheia de tanques e soldados do exército. “Eles
simplesmente expulsaram todas as pessoas. Há apenas alguns civis que
se deslocam ao redor, mas o exército continua agindo para retirar
qualquer um que tente voltar à praça”. Manifestantes disseram à
Al Jazeera: “Eles podem fazer o que quiserem, mas vamos voltar
assim que eles saírem”.

Suspensão pelo Ramadã – Os
manifestantes egípcios disseram que iriam suspender as manifestações
e acampamentos na praça durante o Ramadã, o mês sagrado muçulmano,
que começou na segunda-feira, mas que retornariam à praça depois
disso para seguir pressionando pelas reformas no país. O movimento
de ativistas na praça Tahir voltou a crescer a partir do dia 8 de
julho para denunciar os atuais governantes militares interinos de
querer manipular a transição.

A repressão desta
segunda-feira ocorre dois dias antes do ex-presidente Mubarak ir a
julgamento por seu papel na morte de manifestantes durante o levante
do início do ano na praça Tahrir, que acabou derrubando-o do poder
no dia 11 de fevereiro.

No sábado, 26 partidos políticos e
movimentos de protesto disseram, numa declaração conjunta, que as
três semanas de acampamento, em julho, tinham conseguido o
cumprimento de algumas exigências, “empurrando a revolução
egípcia um passo para a frente”. “Mas com base em nossa crença
de os acampamentos são um meio e não um objetivo, os partidos
políticos e movimentos de jovens decidiram suspender temporariamente
os acampamentos durante o mês sagrado do Ramadã”, disseram. Os
signatários sublinharam que “voltarão mais uma vez, depois de Eid
(festa que marca o fim do Ramadã) para protestar pacificamente na
praça Tahrir e exigir que as demais exigências sejam cumpridas”.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi