Marcha das Margaridas deve reunir 100 mil mulheres em Brasília

“Duas
mil e onze razões para marchar para o desenvolvimento, sustentável
com justiça, autonomia, igualdade e liberdade”. Este será o lema
4ª edição da Marcha das Margaridas que acontecerá nos dias 16 e
17 de agosto em Brasília, região Centro-oeste do país. A Marcha
reunirá cerca de 100 mil mulheres de diversas regiões do país na
luta por melhores condições de vida e trabalho no campo e contra
todas as formas de discriminação e violência.

Para Rosângela Ferreira, integrante
da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do
Estado do Ceará (Fetraece) e da organização estadual da Marcha, a
atividade tem um grande significado para a garantia dos direitos das
mulheres, principalmente daquelas das zonas rurais. “A Marcha é
necessária para garantir a visibilidade. Por mais que o governo seja
democrático, não existe governo bonzinho. O movimento precisa estar
mobilizado ou então não consegue [visibilizar suas demandas]”,
afirma.

O evento acontece a cada quatro anos
sempre no mês de agosto, para fazer a memória ao assassinato da
líder sindical Margarida Alves morta com um tiro no rosto no dia 12
de agosto de 1983 no município de alagoa grande, Paraíba, região
nordeste do país.

A atividade foi lançada
nacionalmente em novembro de 2010, e desde então, os movimentos de
mulheres vêm se organizando em vários pólos do país com o
objetivo de se articular e preparar a pauta de reivindicação
através de debates, palestras, estudos, planejamento e captação de
recurso.

Essas mobilizações resultaram na
elaboração de um caderno de texto que teve como base os eixos da
plataforma política do movimento de mulheres. São elas:
biodiversidade, terra, água e agroecologia, soberania e segurança
alimentar, autonomia econômica, saúde pública e direitos
reprodutivos, educação não sexista e democracia, poder e
participação política. O caderno reuniu cerca de 158 propostas que
foram entregues na semana passada (13), em ato político, no Palácio
do Planalto em Brasília.

Rosângela aponta conquistas
significativas nesses anos de caminhada. Uma delas foi a
aposentadoria para trabalhadoras rurais aos 55 anos de idade; a
emissão de documentação das mulheres que não conseguiam acesso às
políticas públicas, como o Bolsa Família; a titularização na
divisão da reforma agrária no nome das mulheres; criação do
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)
Mulher, a visibilidade sobre os casos de violência e discriminação
contra as mulheres, entre outras.

Ela ressalta, ainda, que as mulheres
fizeram parte da construção da história do país, mas nunca
apareceram de fato, e que a Marcha tem também essa finalidade:
Despertar nas mulheres para que elas exijam seus direitos e sejam
sujeitas de uma nova história e construtoras de uma sociedade
igualitária.

Programação – As mulheres
chegarão no dia 15 de agosto no Parque das Cidades, centro de
Brasília. Dia 16, pela manhã, a abertura terá a exposição de
dois painéis. Neste mesmo dia, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) fará uma pesquisa aplicada com as mulheres presentes
na marcha sobre perfil econômico e condições de vida das mulheres
trabalhadoras do campo e da floresta.

À noite, haverá o lançamento do CD
“Canto das Margaridas”, produzido por mulheres de todo pais,
com a presença da cantora Margareth Menezes. No dia 17, as mulheres
seguem em marcha do Parque das Cidades até a Esplanada dos
Ministérios onde serão recebidas por ministros, autoridades, e pela
presidenta Dilma Rousseff. Às 15h, Rousseff fará o anúncio da
decisão das propostas encaminhadas na semana passada pela
coordenação da Marcha.

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