
“Precisamos ampliar e fortalecer a solidariedade e a nossa organização
internacional para lutar pela assinatura de acordos marcos e pela
igualdade de direitos dos bancários de todo o continente que trabalham
nos bancos globais.” A declaração foi feita nesta terça-feira 26 pelo
presidente da Contraf-CUT e da UNI América Finanças, Carlos Cordeiro, na
abertura da 8ª Reunião do Comitê Sindical Internacional do Grupo
Santander e da 6ª Reunião do Comitê Sindical Internacional do Grupo Itaú
(ambos fóruns da UNI Américas Finanças), que estão sendo realizadas em
São Paulo, com a participação de 80 dirigentes sindicais do Brasil,
Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Trinidad &
Tobago, Bahamas e Estados Unidos.
Participaram da mesa de abertura das duas reuniões, no auditório da
Contraf-CUT, o presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, o chefe da
UNI Finanças Mundial, Márcio Monzane, a presidenta do Sindicato de São
Paulo e diretora da UNI Finanças, Juvândia Moreira, o presidente da
Contec e representante da UGT, Lourenço do Prado, e o secretário de
Relações Internacionais da Contraf-CUT, Ricardo Jacques.
Carlos Cordeiro defendeu a necessidade de o Brasil e os demais países da
América Latina transformarem o crescimento que vivem atualmente em
desenvolvimento econômico, de forma a promover a inclusão social e mais
distribuição de renda. Ele citou o Brasil, “que já é a sétima economia
mundial e caminha para ocupar o quinto lugar no ranking, mas ao mesmo
tempo está entre as dez economias mais desiguais do planeta”. “Essa
diferença de renda se reproduz nos bancos”, criticou o presidente da
Contraf-CUT.
Sistema financeiro – Artur Henrique, presidente da CUT, elogiou a iniciativa dos bancários do
Itaú e do Santander, “que dão um exemplo aos trabalhadores de outros
setores com essa capacidade de articular ações sindicais em nível
global”. Ele chamou a atenção para os reflexos da crise iniciada em
2008, “que estão destruindo conquistas dos trabalhadores sobretudo na
Europa e nos Estados Unidos”.
O presidente da CUT disse que os bancários estão na linha de frente
“dessa luta central dos trabalhadores contra a hegemonia do setor
financeiro e o neoliberalismo” e elogiou a iniciativa da Contraf-CUT de
propor e batalhar pela convocação de uma Conferência Nacional do Sistema
Financeiro, que discuta com a sociedade qual o papel que os bancos
devem desempenhar na economia para promover o desenvolvimento econômico e
social do país.
Desafios do futuro – O brasileiro Márcio Monzane, recém-eleito chefe mundial da UNI Finanças,
destacou o papel cada vez mais importante desempenhado no cenário
mundial pelas economias e pelo movimento sindical dos países em
desenvolvimento, diante da crise econômica que atinge principalmente
Europa e Estados Unidos.
“Temos grandes desafios para o futuro, como definimos no Congresso
Mundial da UNI Finanças em Lisboa, no início do ano, que envolvem a
discussão do modelo de sistema financeiro que queremos e da necessidade
da sua regulamentação e as ações dos trabalhadores frente às empresas
multinacionais”, afirmou Monzane.
A presidenta do Sindicato de São Paulo, Juvândia Moreira, lembrou a
história da conquista da Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários
brasileiros para defender a necessidade de os bancários avançarem em
direção à assinatura de acordos marcos em toda a América Latina. “Esse é
um dos nossos principais desafios hoje”, disse Juvândia.
Após a abertura conjunta das reuniões do Itaú e do Santander, Valter
Pomar, ex-secretário de relações internacionais PT e representante do
partido no Foro São Paulo (que reúne partidos de esquerda de toda a
América Latina), fez uma análise da conjuntura internacional e nacional,
na qual previu que a crise mundial, que abala principalmente os países
mais desenvolvidos, “vai se agravar muito e rapidamente”.
Pomar alertou sobre os muitos riscos de retrocesso ao que ele denomina
de “equilíbrio instável” na América Latina, mas ao mesmo tempo enxerga
com otimismo o futuro da região, “que trilha um caminho próprio
interessante e supera aos poucos o neoliberalismo. Mas só tem futuro uma
integração de fato da América Latina”, advertiu.