A bandeira de cartões Elo começa a chegar ao comércio e às mãos do
consumidor. Desde abril, quando Bradesco, Banco do Brasil e Caixa
anunciaram o lançamento da marca nacional para competir com as
estrangeiras Visa e Mastercard, foram emitidas 250 mil unidades, entre
crédito, débito e pré-pagos.
Ao longo do mês, os lojistas foram informados sobre as condições para
receber o pagamento dos seus clientes com a bandeira e a conclusão é que
as tarifas por transação se assemelham àquelas cobradas para capturar
as duas internacionais dominantes. Para se ter uma ideia, no crédito, a
taxa média cobrada pela Cielo, a rede que vai capturar o Elo, era de
1,22% no primeiro trimestre, e, no débito, de 0,76%.
A taxa de intercâmbio – a parcela da transação que fica com os bancos
emissores dos cartões – também não fica atrás, apesar da expectativa do
governo de que os custos de toda a cadeia de pagamentos com cartões
fossem reduzidos com a criação de uma bandeira nacional.
“A expectativa é de que o Elo leve mais negócios para os
estabelecimentos comerciais. Só que, para ser mais barato do que Visa e
MasterCard, depende da escala que vai atingir”, diz Jair Scalco,
presidente da Elo Serviços, a holding que abriga a nova bandeira.
“O cartão é ainda embrionário, será preciso levantar toda a estrutura de
custos para que tenha tal viés. Mas vai ser distribuído por grandes
bancos.” A expectativa é que o negócio Elo atinja o equilíbrio já no ano
que vem.
Na largada, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa estão distribuindo o Elo
para novos correntistas. “Os bancos ainda não estão oferecendo a
bandeira na própria base”, diz Scalco. Segundo o executivo, em todos os
Estados da federação o Elo já foi capturado. A rede de Point of Sale
(POS, na sigla em inglês, as maquininhas leitoras de cartões) da Cielo,
com 1,2 milhão de estabelecimentos comerciais, está pronta para capturar
o Elo.
A Caixa não só terá participação de um terço na recém-criada bandeira de
cartões Elo, como também costura com BB e Bradesco a criação de uma
nova empresa, para acomodar o negócio de pré-pagos. Como não tem fatias
na Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (CBSS), operação
compartilhada por BB e Bradesco, o banco federal nunca teve interesse em
distribuir os vouchers alimentação e refeição Visa Vale, que ficam sob
guarda-chuva CBSS, mas tem a intenção de colocar na rede o similar Elo
Vale.
A ideia é, num horizonte de cinco anos, construir uma participação
próxima de 10% no segmento de pré-pagos, segundo o vice-presidente da
Caixa, Márcio Percival. Na tomada de decisões, a instituição já teria,
porém, na largada um peso referente à proporção que pretende atingir no
negócio. Ainda está sendo discutido se essa nova estrutura ficará ou não
debaixo da CBSS, que, por sua vez, compõe uma das caixas no intricado
desenho da Elo Participações, a holding controladora do casamento
Bradesco e BB no projeto de cartões. A Caixa entrará na holding que
administra a bandeira e na empresa de pré-pagos.
“A Caixa é o banco preferencial de Estados e municípios, já detém a
folha de pagamentos e a ideia é oferecer aos clientes pessoa jurídica o
cartão vale refeição, alimentação e de combustíveis”, diz Percival. “O
banco mapeou a rede e identificou uma grande quantidade de empresas que
não usam o vale refeição. O potencial é enorme.”
Por ora, está descartado o aumento da participação do banco federal na
Cielo, como se chegou a cogitar em agosto do ano passado, quando a Caixa
anunciou que se uniria a Bradesco e BB no projeto da nova bandeira
nacional. Hoje, a instituição detém fatia de 1,14% na rede de captura de
transações. “Não há como viabilizar isso, não vamos a mercado comprar
as ações da Cielo, teria que ser um leilão público, está fora da pauta”,
afirma Percival. O banco mantém com a Cielo um acordo na área de
credenciamento de lojista, em que é remunerado pelos estabelecimentos
que indica para filiação.
Na Elo Participações Bradesco e BB investiram cerca de R$ 9,5 milhões
cada. A estrutura ainda vai contar com a criação de um banco, que será
responsável pela emissão do Elo Card, vendido para não correntistas por
meio da promotora Ibi, que o Bradesco transferiu para a CBSS. Por
enquanto, em Sergipe, aonde há um piloto desse tipo de oferta, a emissão
fica com o Banco Ibi, explica o diretor da Bradesco Cartões, Cesário
Nakamura. Depois, a carteira será transferida para o novo banco.
Na ata da assembleia, publicada no Diário Oficial, Paulo Rogério
Caffarelli, vice-presidente de Cartões e Novos Negócios do BB é que foi
nomeado o presidente da Elo Participações.