Guarani Kaiowá é espancado por homens encapuzados no MS

Homens
encapuzados e armados espancaram, no início da noite de ontem (14),
Germano Guarani Kaiowá numa rodovia entre o município de Paranhos e
a Aldeia Pirajuí, região sul do Mato Grosso do Sul (MS). Com graves
ferimentos espalhados por todo o corpo, o indígena ficou sob
cuidados médicos durante toda a madrugada e liberado na manhã de
hoje (15). O ataque covarde tem como motivação a luta do povo
Guarani Kaiowá contra os invasores do tekohá (território
originário).

Germano
seguia para a Aldeia Pirajuí depois de um dia de trabalho, em
Paranhos, num dos postos de saúde indígena da Fundação Nacional
de Saúde (Funasa). Iria jantar e voltar para a cidade onde se
especializa na área de enfermagem. No meio do caminho, em trecho da
rodovia de matagal avolumado ao redor da pista, foi interceptado por
duas caminhonetes e homens armados.

O derrubaram da moto e tão
logo percebeu já era espancado pelos encapuzados. Chutes no
estômago, rosto e costas; socos na cabeça, coronhadas e roupas
rasgadas. Com um arame, tentaram amarrá-lo. Germano conseguiu se
desvencilhar dos agressores e mato à dentro correu na direção da
aldeia. “Ele chegou aqui (na aldeia) muito machucado. Se cortou
inteiro com os espinhos do mato”, relata um parente do
indígena.

“Comunicamos o ocorrido ao Ministério Público
Federal. O procurador nos disse que ia pedir para a Polícia Federal
(PF) ir ao local. A polícia estadual não compareceu mesmo depois de
a família registrar a ocorrência, ligar para a polícia”, explica
outra liderança Kaiowá que preferiu não se identificar porque
também sofre ameaças.

Germano lutava junto com seu povo pela
retomada dos territórios originários dos Kaiowá. Do grupo de
atuação de Genivaldo Rolin, professor e liderança Guarani
assassinado em 2009 depois de sequestrado por pistoleiros, o indígena
brigava pela demarcação e homologação da Terra Indígena
Properito – parte dela já retomada pelo povo Kaiowá. As suspeitas
são de que o atentado tenha ocorrido por conta dessa luta.

De
acordo com o Relatório 2010 de Violência Contra os Povos Indígenas
no Brasil, publicado este mês pelo Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), no ano passado foram assassinados 34 Guarani Kaiowá no MS.
Outros 150 estão desde 2010 ameaçados de morte num total de 390 que
sofrem as mais diversas ameaças vindas do latifúndio.

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