Mortes em decorrência do trabalho não podem ser consideradas um evento
normal. Empresas que mais geram acidentados devem receber um “selo
vermelho” e ter seus nomes divulgados para a sociedade.
Essas foram algumas das conclusões dos palestrantes que se reuniram
entre os dias 11 e 12 de julho no Auditório Amarelo, no Sindicato dos
Bancários de São Paulo, para a realização da Oficina Nacional sobre
Prevenção de Mortes por Acidentes de Trabalho.
Sob a coordenação do Observatório da Saúde do Trabalhador, dirigido pelo
médico Francisco Pedra, do Centro de Estudo em Saúde do Trabalhador e
Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz), a oficina elaborou elementos
iniciais para a construção de um Plano Nacional de Vigilância e
Prevenção de Mortes no Trabalho a ser recomendado aos órgãos públicos e à
sociedade, com sugestões de políticas públicas e apresentação de
intervenções exitosas no combate aos óbitos decorrentes do trabalho.
O evento contou com a participação de sindicalistas, pesquisadores,
médicos e instituições. “Os trabalhadores devem ser o motor desse
processo através do Fórum de Saúde do Trabalhador das Centrais
Sindicais”, explicou Francisco Pedra.
Estatísticas – De acordo com dados do último anuário estatístico sobre acidentes de
trabalho (ATs) no Brasil, elaborado pela Previdência e publicado em 2009
com números de 2007, 2,8 mil trabalhadores morreram naquele ano vítimas
de ATs. “Servidores públicos civis e militares, incluindo policiais e
bombeiros, os trabalhadores do setor informal, ou seja, a maior parte da
população economicamente ativa do país está excluída desses números. Se
incluí-los talvez a gente encontre dezenas de milhares de mortos
durante o trabalho todos os anos”, denúncia Francisco Pedra.
A médica Maria Maeno, da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho (Fundacentro), defendeu que a Previdência passe a
informar a razão social das empresas que mais geram acidentários e que
os trabalhadores deixem de ser culpabilizados pelas ocorrências.
“Isso tem que acabar. As empresas devem ser penalizadas. Morrer é muito
barato no Brasil. É preciso divulgar os nomes das que mais geram óbitos
através de ações de comunicação”, defendeu Maeno.