Lula visita Sindicato de São Paulo e resgata história de luta dos bancários

O Sindicato dos Bancários de São
Paulo recebeu um ilustre visitante nesta terça-feira 28. Era pouco
mais do meio-dia quando, sob flashes e ovações, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva entrou no Auditório Azul da sede da
entidade, no Centro da capital paulista, onde era esperado por
centenas de dirigentes sindicais. Acompanhado da presidenta da
entidade, Juvandia Moreira, Lula cumprimentou rostos novos e abraçou
velhos conhecidos.

> Fotos:
imagens da visita de Lula ao Sindicato

“A
cabeça da gente faz uma viagem ao passado”, disse o presidente
de honra do PT, referindo-se às lembranças da militância nos anos
1980. “Minha relação com esse Sindicato vem desde a campanha
para a eleição do Augusto (Campos), em 1978”, resgatou Lula,
que ocupou a mesa do auditório ao lado da atual presidenta e de
quase todos os ex-presidentes da entidade desde 1979: Augusto Campos,
Luiz Gushiken, Gilmar Carneiro, Ricardo Berzoini e Luiz Cláudio
Marcolino. “Só faltou o (João) Vaccari que tinha um
compromisso e não pôde ficar”, justificou Juvandia.

Por
quase uma hora, Lula resgatou um pouco dessa história, ressaltou a
importância da eleição da primeira mulher à frente da entidade,
comentou as mudanças que ocorreram nos últimos oito anos no país e
falou dos planos que tem pela frente, pós-governo.

“O
Sindicato dos Bancários de São Paulo, assim como o dos Metalúrgicos
do ABC, tem uma importância enorme na história desse país”,
disse Lula. Teve um papel fundamental nos últimos 40 anos de
sindicalismo no Brasil e foi decisivo para a chegada de um operário
à Presidência da República, acrescentou. “Vocês bancários
foram parte importante nessa história.”

Lula ressaltou
ainda a vanguarda do Sindicato ao eleger, pela primeira vez, uma
mulher para a presidência da entidade. “E com uma votação
extraordinária. Merecedora de respeito inclusive por parte dos
adversários”, acrescentou, referindo-se aos 83,49% de votos na
Chapa 1. “Em muitas mesas de negociação só vai ter você de
mulher”, disse ele a Juvandia, cuja vitória, segundo Lula,
desmente o preconceito de que sindicalismo é coisa de homem.

Bancos
públicos –
A presidenta Juvandia Moreira
citou, logo no início do encontro, a política de fortalecimento dos
bancos públicos pelo governo Lula, em substituição aos anos de
privatizações e sucateamentos da era FHC. “Enquanto o Banespa
caiu nas mãos do Santander, e até hoje os bancários sofrem com
isso, com demissões, no seu governo o Banco do Brasil incorporou a
Nossa Caixa, e os bancários agradecem muito por isso”,
ressaltou.

Lula citou o Minha Casa, Minha Vida que ampliou a
capacidade de financiamento da Caixa Econômica Federal de R$ 25
bilhões para R$ 175 bilhões. E o crescimento do montante disponível
para crédito no país. “Em 2003 o Brasil tinha R$ 384 bilhões
disponíveis para crédito. Hoje isso é o que o BB tem sozinho. O
país tem R$ 1,776 trilhão.”

Oito
anos –
O ex-presidente falou de algumas das
principais mudanças ocorridas no país em seus oito anos de governo
(2003/2006 e 2007/2010). Lembrou que o Brasil passou de devedor a
credor do FMI e investiu em infraestrutura, executando obras públicas
como nunca antes com a criação do PAC.

Ele citou os 47
milhões de hectares de terra desapropriados para a reforma agrária.
“Nem a Rússia fez isso em tão pouco tempo após 1917”. E
destacou os investimentos substanciais em educação. “Com o
ProUni, mais de 850 mil jovens entraram nas universidades. E o
orçamento da Educação passou de R$ 17 bi para R$ 70 bi”.
Ainda assim, disse Lula, “o grande legado do meu governo foi o
exercício da democracia. Não teve movimento social que não tenha
sido recebido no Palácio do Planalto”.

Planos
“Não pretendo me preocupar com o
Brasil porque o Brasil tem governo”, salientou Lula,
referindo-se ao governo da presidenta Dilma Rousseff. “Ela
ajudou a construir tudo e conhece todas as trilhas, picadas e
caminhos para levar isso adiante”, afirmou.

Fora do
Planalto, o ex-presidente pretende se dedicar ao trabalho de
unificação da América Latina e de colaboração aos países da
África. “O Brasil é um país doador e não tomador. Não
podemos nos preocupar com balança comercial ao estabelecer negócios
com países africanos. Esses países precisam produzir para que
possamos importar”, defendeu.

Lula pretende ainda
organizar a criação de um Memorial à Democracia Brasileira. “Um
espaço interativo onde o jovem possa entrar e assistir a uma
assembleia em porta de fábrica, um comício pelas Diretas…, e saia
com a ideia do que foi a história da democracia nesse país”,
explicou.

Além disso, tem em mente dois documentários, um
sobre “o novo tipo de gente” que entrou no Palácio do
Planalto nos últimos oito anos – “não só presidentes,
príncipes e rainhas, como era antes” – e outro sobre o
fortalecimento da democracia, com a realização das 73 conferências
nacionais sobre os mais diversos temas de interesse da sociedade.

E
mais, um livro, mas não para contar sua história na Presidência da
República, mas no qual 50 a 70 setores da sociedade brasileira
possam apontar as mudanças mais significativas para o país desde
2003.

Pelo jeito, as novas obras do presidente Lula prometem.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi