As negociações salariais de diversas categorias,
que devem ocorrer no segundo semestre do ano, não representam uma
“ameaça inflacionária” ao país. A avaliação é do
coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de
Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Roberto Messemberg, que
apresentou nesta quarta-feira (15) o boletim Conjuntura em Foco.
De
acordo com o economista, por causa da elevada taxa de inflação
acumulada nos últimos 12 meses, as negociações de dissídios
tendem a ser duras. Para ele, patrões e empregados precisarão levar
em conta, no entanto, que o índice deverá cair nos próximos meses,
refletindo a diminuição de preços dos alimentos in natura, de
matérias-primas agrícolas, além do etanol.
“As
negociações serão duras, mas acho que as empresas não terão
muito espaço para repassar [os possíveis reajustes] para preços
porque as companhias que tentarem fazer isso serão punidas pela
demanda em desaceleração [redução no ritmo de crescimento da
economia]”, disse Mesemberg. “Mas esses processos de
negociação são normais e não vão emperrar o país. Tampouco
levar a um estouro incontrolável da inflação”,
completou.
Segundo o boletim do Ipea, o mês de maio foi
marcado pela queda de preços das commodities no mercado
internacional. No Brasil, o movimento foi sentido mais rapidamente
pelo setor atacadista, mas a tendência é que a redução seja
repassada para o varejo nos próximos meses, influenciando uma
diminuição da inflação. “A trajetória de alta da inflação
encontrará uma inflexão”, diz o documento.
O boletim
também aponta para uma estabilidade da taxa de desemprego no país,
devido ao ritmo menor de crescimento da indústria. Com isso, o Ipea
estima uma migração de trabalhadores para o terceiro setor, fazendo
com que a taxa de desemprego de 2011 fique próxima à de 2010
(5,7%). “Teremos um cenário com uma taxa menos volátil nos
próximos meses”, afirmou Messemberg.