Marcha das Vadias arrasta cerca de 200 pessoas no Recife

A segunda edição da Marcha das Vadias no Brasil, realizada neste
sábado (11) no Recife, contou com a participação de cerca de 200 pessoas
– a maioria jovem e universitária. Prevista para sair da Praça do
Derby, na área central do Recife, às 15h, a caminhada só veio engatar
mesmo uma hora e meia depois, quando os participantes, mobilizados pelo
Facebook, chegaram ao local da concentração. O principal objetivo do
evento é protestar contra a culpabilização das mulheres pela violência
sexual.

A tão esperada ousadia, porém, passou bem tímida pela capital
pernambucana. Ao contrário do que aconteceu em São Paulo e em cidades
americanas – onde mulheres chegaram a desfilar de calcinha e sutiã pelas
ruas – algumas recifenses até ensaiaram trajes mais ousados e
escreveram palavras de repúdio ao machismo pelo corpo, mas a grande
maioria optou mesmo foi por trajes comuns.

Durante a concentração, integrantes da ONG Loucas da Pedra Lilás
realizaram algumas performances contra o machismo. Frases como “Jesus
ama as vadias” e “Somos todas camareiras” estampavam os cartazes do
grupo, que cantarolava músicas compostas exclusivamente para o ato.

Para Verônica Ferreira, que faz parte da ONG SOS Corpo e do Fórum de
Mulheres de Pernambuco, a Marcha das Vadias mostrou que Recife tem
grande potencial para as mobilizações. “É muito bom ver a participação
tão expressiva dos recifenses nesta que é uma luta histórica do
movimentos feministas. Vemos o quanto isso ganhou força a partir das
redes sociais, que é uma coisa nova, e que permitiu o engajamento dos
jovens”, pontuou.

O estudante de ciências sociais Pedro Jesus, responsável pela
convocatória no Facebook, acredita que mais importante do que a
quantidade de pessoas presentes é a abertura do espaço para discussão.
“As discussões sobre gênero ficam quase sempre resguardadas à academia,
então trazer para a praça, que é um local democrático e heterogêneo,
esse diálogo, é o maior ganho do ato”, destacou. Ele lembrou também a
relevância de trazer a discussão para Pernambuco, onde é alto o índice
de violência contra as mulheres.

O grupo seguiu em marcha pela
Avenida Conde da Boa Vista até o Marco Zero, onde o ato culminou com uma
grande roda de discussão sobre o assunto. Vinte Policiais Militares do
16º Batalhão garantiram a segurança do evento, que transcorreu
tranquilamente.

VADIAS – A Marcha das Vadias (do
inglês, SlutWalk) teve origem no Canadá, em repúdio a uma
declaração feita por um policial na Universidade de Toronto. Em
palestra, ele afirmou que as alunas poderiam evitar estupros se não
vestissem como vadias. Ultrajadas, as estudantes consideraram a fala do
policial uma declaração oficial de que a responsabilidade sobre o ato de
estupro é da vítima. A polêmica provocou manifestos em vários países e,
no último dia 4, reuniu centenas de mulheres em São Paulo.

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