O
Governador Sérgio Cabral deu o ar de sua graça política ao ordenar
a violenta repressão contra os bombeiros que ganham salários
aviltantes. São heróis e foram tratados de forma humilhante. Não
satisfeito, Cabral ainda os ofendeu. Se alguém tinha dúvidas sobre
Cabral, o episódio no Quartel General da guarnição esclareceu.
Mais uma vez o noticiário da mídia de mercado de
um modo geral mistura conceitos deliberadamente. Os jornais, rádios
e televisões falam em invasão do quartel general pelos bombeiros,
quando o certo é que houve ocupação e isso depois de não
atendidos os apelos no sentido de abrir canais de negociações.
Invasão, aí sim, foi do Bope, que usou até armas letais, feriu
mulheres e crianças que davam força aos seus familiares que se
pediam SOS.
Alguns soldados da PM foram presos e seguem nessa
condição porque se negaram a obedecer ordens da cúpula da
segurança do Estado do Rio de Janeiro, segundo as lideranças dos
bombeiros, mas o fato não foi noticiado. Cabral ofendeu os bombeiros
chamando-os de “vândalos”. O Bope está sendo comparado a
Gestapo da época do III Reich alemão.
Os bombeiros informaram que estão recebendo
manifestações de solidariedade nacional e internacional, dos
Estados Unidos, da Espanha e França. Em Nova York, os bombeiros
pararam por uma hora em apoio aos brasileiros que estão sendo
vítimas da repressão ordenada por Sergio Cabral, o governador que
está loteando o Estado para grupos internacionais tendo em vista os
megaeventos de 2014, Copa do Mundo, e 2016, Olimpíadas.
Outro ponto lamentável nesta história é o fato
do governador do estado do Rio de Janeiro receber o apoio de partidos
cujos integrantes em outros tempos se mobilizavam exatamente para
denunciar violências do mesmo tipo que as praticadas agora no Rio de
Janeiro.
Os bombeiros, considerados heróis pelo povo pelo
tipo de trabalho que desenvolvem, foram tratados como marginais,
chamados absurdamente de “vândalos”. Há testemunhas que
comprovam os excessos praticados pelo Bope, como a deputada Janira
Rocha, do PSOL, e o deputado Paulo Ramos, do PDT, que dignificam os
seus mandatos ao ficarem ao lado dos manifestantes no QG dos
bombeiros.
Cabral faz lembrar épocas do século passado,
inclusive de governantes como Washington Luis, que consideravam a
questão social como caso de polícia. Já chamou médicos do Estado
de “vagabundos”, porque vem sendo denunciado pela categoria de
descumprir promessas até registradas em cartório.
O que está acontecendo agora é na prática um
divisor de águas. Se a esquerda parlamentar não repudiar o que foi
feito pelo Bope e denunciar Cabral, entrará para a história ao lado
do conservadorismo que não aceita mobilizações populares, ainda
mais o direito humano de reivindicar melhores salários e condições
de vida.
Repressão aos bombeiros, aprovação na Câmara
dos Deputados do Código Florestal que favorece os violadores do meio
ambiente são demonstrações concretas da existência de “uma
esquerda que a direita gosta” como diria o inesquecível Darcy
Ribeiro. Soma-se a isso o fato de o vice-governador Luiz Fernando
Pezão estar sendo agraciado por uma entidade vinculada ao
agronegócio, setor recém-favorecido pelo deputado Aldo Rebelo, do
PC do B.
Por estas e muitas outras, a cada dia que passa os
partidos políticos se distanciam dos anseios de amplas parcelas do
povo brasileiro. Afinal de contas, como explicar a prática que
adotam de apoio aos que ao longo da história foram combatidos por
setores políticos que tinham como bandeiras principais a democracia
e o socialismo?
É possível até que nas próximas horas os
referidos partidos apresentem seus argumentos e criem as suas
dialéticas para continuar com a mesma prática de apoio a quem
reprime o povo. E até para justificar a ocupação de cargos na
administração fluminense.
Estes partidos estão perdendo o tempo da história
e pelo menos nas primeiras horas não perceberam que a opinião
pública, mesmo os que votaram em Sérgio Cabral, está apoiando
integralmente os pleitos dos bombeiros.