Contraf-CUT critica sanha do BB por rentabilidade após arrematar Banco Postal

O novo parceiro dos
Correios no Banco Postal pelos próximos cinco anos será o Banco do
Brasil. Desde 2001, o Bradesco se utilizava como correspondente
bancário, mas o contrato acaba no fim deste ano. O leilão para
escolha do novo usuário dos balcões dos Correios foi realizado
nesta quarta-feira (31), na sede dos Correios, em Brasília, e o BB
arrematou por R$ 2,3 bilhões na 12ª rodada, superando Itaú,
Bradesco e Caixa Econômica Federal.

O Banco Postal é apenas
um dos 180 mil correspondentes espalhados em todo o território
nacional. O secretário de Organização do Ramo Financeiro da
Contraf-CUT, Miguel Pereira, é categórico em relação ao papel dos
correspondentes. “Somos contra a terceirização dos serviços e
a precarização do trabalho”, afirma.

Ele explica que é
uma forma de o banco aumentar sua capilaridade, portanto sua
rentabilidade, sem elevar seus custos, principalmente com
funcionários. “Sabemos muito bem quem perde. Primeiramente os
trabalhadores dos Correios, que possuem uma contrapartida salarial
ínfima quando comparada aos bancários, e acabam assumindo tarefas
estranhas a sua rotina de trabalho. Os clientes que ficam sem
atendimento especializado e os próprios bancários, que veem seu
trabalho migrar para outros espaços e em nada aliviam as cobranças
para atingimento de metas. Sem contar a exposição a riscos por
falta de segurança adequada”, destaca.

O dirigente
sindical aponta um agravante ao fato de o BB terceirizar a atividade
bancária. “Esta sanha do banco de ampliar a rentabilidade como
qualquer outro banco privado não dialoga com a com sua missão de
banco público”, denuncia. Para Miguel, um banco público deve
trabalhar de acordo com as necessidades da sociedade. “Neste
caso, deveria priorizar políticas públicas de estado. Mas o BB vem
gradativamente perdendo este caráter público”, lamenta. E
acrescenta: “é um absurdo a exigência dos acionistas de
retorno sobre o patrimônio líquido de 25% ao ano”.

Outra
questão levantada pelo diretor da Contraf-CUT diz respeito aos
milhares de usuários do Banco Postal com contas no Bradesco. “Se
um dos motivos utilizados para justificar a existência do
correspondente é a comodidade do usuário, a pergunta que fica é se
todos terão que fechar suas contas no Bradesco e abrir novas no BB?
Ou seja, refazer toda sua relação de correntista com o BB”.
Para Miguel, as regras são sempre dadas pelo sistema e o usuário
fica à mercê desta lógica. “É apenas mais uma forma de os
bancos aumentarem lucro, os impactos na vida das pessoas é o que
menos importa”, constata.

Banco Postal – O Banco
Postal oferece serviços bancários básicos ao público nas agências
dos Correios em todo o país. O BB terá que pagar, no dia 2 de
janeiro de 2012, R$ 500 milhões referentes ao uso das agências.

O
banco já poderá assumir os postos de atendimento a partir de
janeiro do ano que vem. O contrato é de cinco anos e seis meses,
prorrogável por mais cinco anos. Para participar da licitação, o
banco deveria ter ativos totais de, no mínimo, R$ 21,6 bilhões e
patrimônio líquido de pelo menos R$ 2,16 bilhões.

Segundo
os Correios, em dez anos de operação, foram abertas no Banco Postal
mais de 10 milhões de contas e está presente em 5.266 municípios
(6.192 agências). Uma capilaridade que permite a abrangência em 95%
do território brasileiro.

Para assegurar a posição o BB
desembolsará dez vezes mais do que o valor pago pelo Bradesco no ano
de 2001 que foi R$ 200 milhões, o que demonstra o quanto lucrativa é
esta operação.

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