As
centrais sindicais e o ex-presidente Lula, reunidos na manhã desta
sexta na sede do Instituto Cidadania, decidiram organizar uma
plenária nacional dos movimentos sociais para elaborar propostas
para a reforma política. Os partidos de esquerda também serão
convidados.
O
Instituto Cidadania estará à frente da organização. O objetivo é
reunir um grande número de militantes na plenária e fazer o
processo de reforma política deslanchar, com propostas que
interessam aos movimentos sociais.
O
mais importante é que a plenária nos unifique em torno do tema e
seja um impulso para uma mobilização constante. Precisamos incluir
a reforma política na agenda sindical e debatê-lo junto às bases.
O assunto tem de ser popularizado, tornar-se um movimento, para que
as propostas de mudança não sejam cosméticas ou prejudiciais aos
trabalhadores.
Lula
expressou no encontro de hoje a opinião de que o cerne da reforma
deve ser o fortalecimento dos partidos políticos e da democracia e o
combate à influência do poder econômico.
Partiu
dele a ideia de realizar a plenária. A data ainda será definida.
A
CUT apresentou, durante o encontro, os principais pontos que
defendemos para uma reforma, todos debatidos durante nosso recente
seminário sobre o tema:
–
voto em lista
-financiamento
público de campanha e fidelidade partidária
–
garantir proporcionalidade de fato
–
democratização das relações de trabalho, o que inclui a
ratificação da Convenção 87 da OIT (que garante liberdade e
autonomia sindical)
–
redefinir o papel do Senado, hoje uma casa revisora (o que na nossa
opinião é ruim, pois tolhe a ação da Câmara dos Deputados, e em
grande parte das vezes pelo viés conservador)
–
regulamentação do artigo 14 da Constituição, aquele que prevê
instrumentos de democracia direta como referendos e plebiscitos.
A
Central também lembrou a necessidade de democratizar os meios de
comunicação e o poder Judiciário, dois fortes instrumentos de ação
política sem voto. O tema já havia sido abordado, durante a
reunião, pelo presidente da CGTB, Antonio Neto.
Apesar
do que ocorreu durante o encontro – ao qual os jornalistas não
tiveram acesso – os portais de notícia na internet preferiram dar
destaque a outra notícia: a de que Lula teria defendido uma
Constituinte exclusiva, em 2014, para debater o tema.
Enfoque
errado. O que Lula defendeu em primeiro lugar, e com isso temos
acordo, é de que a mobilização das entidades populares deve se dar
desde já para que a reforma saia ainda este ano.
Num
determinado momento da reunião, que durou duas horas, Lula comentou
muito rapidamente que, caso a reforma não saia este ano, uma
alternativa seria uma Constituinte exclusiva. Um comentário que não
indica preferência ou decisão tomada.
Porém,
mal informada por algum dirigente que participou da reunião, a
imprensa escolheu este enfoque para tentar demonstrar que nós já
teríamos, de saída, desistido da reforma ainda este ano.
Participaram
da reunião, pela CUT, seu presidente, o secretário-geral Quintino
Severo e o secretário de Administração e Finanças, Vagner
Freitas.