Trabalhadores querem aumento na participação dos lucros das empresas

As categorias de trabalhadores mais mobilizadas do
país, como metalúrgicos, bancários e petroleiros, estão se
sentando à mesa de negociações em busca de um bom pedaço dos
lucros recordes que as empresas do setor tiveram em 2010.
Sindicalistas das categorias calculam que os trabalhadores têm
direito a receber valores próximos de R$ 7,5 bilhões.

Os
petroleiros iniciam as negociações neste mês. Ele querem 25% do
total dos dividendos distribuídos pela Petrobras aos seus
acionistas, que foram definidos em R$ 11,7 bilhões em assembleia da
empresa no último dia 28.

A porção que caberá aos
empregados deve ser de quase R$ 3 bilhões, informa Henrique Jager,
técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estudo e
Estatística SócioEconômica) responsável pela assessoria da
Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Resolução do
Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais
(DEST), subordinado ao Ministério do Planejamento, limita em 25% o
total a título de dividendos que pode ser distribuído pelas
estatais. O lucro da Petrobras em 2010 foi de R$ 35 bilhões. No ano
passado, os petroleiros embolsaram R$ 1,2 bilhão em Participação
nos Lucros e Resultados (PLR).

Negociação coletiva dos
bancários estabelece que eles têm direito a uma fatia de 5% a 15%
do lucro líquido das instituições financeiras. “Vamos
negociar em agosto”, diz o presidente da Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Alberto
Cordeiro. Ele calcula que o valor referente à PLR somará cerca de
R$ 4,55 bilhões, beneficiando 470 mil bancários. A bolada deve
refletir aumento de 30% em relação ao que a categoria conseguiu no
ano passado.

Segundo Cordeiro, esse foi o percentual de
crescimento do lucro dos seis maiores bancos, que representam 90% dos
bancários e embolsaram R$ 44 bilhões. Em 2010, os trabalhadores do
sistema financeiro receberam R$ 3,5 bilhões.

“Queremos
uma PLR que espelhe os ganhos dos bancos”, afirma. Em geral, o
benefício da participação nos lucros resulta em até dois salários
a mais na conta. Alguns bancos, como o Itaú, chegam a pagar até
quatro salários. “Somente os bônus dos executivos do Santander
foram, em média, de R$ 280 mil por mês para cada um. Não achamos
isso justo. Queremos também”, avisa.

Cordeiro lembra que
a folha de pessoal representou, no ano passado, apenas 6% do
faturamento dos bancos, enquanto o lucro cresceu 30%, apesar dos
reajustes salariais expressivos, entre 7,5% e 16,3%, dados aos
funcionários.

“Houve muitos cortes e as contratações
são feitas com salário 40% menor do que o pago aos que foram
demitidos”, ressalta. A pauta de reivindicação será entregue
aos bancos na primeira quinzena de agosto.

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