A Jornada Nacional de
Lutas pela Reforma Agrária, organizada no mês de abril, mobilizou
19 estados e o Distrito Federal somando-se ainda a atividades em
Brasília, na Câmara dos Deputados, e um ato em memória aos 15 anos
de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás. Foram realizadas
atividades em Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo,
Sergipe, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco e Tocantins.
Foram
mais de 30 mil famílias em luta, totalizando 70 ocupações de
latifúndios, mobilizações em 14 sedes do Incra, além de
fechamento de estradas, acampamentos nas capitais, distribuição de
alimentos sem agrotóxicos, debates com a sociedade, audiências
públicas e ações em diferentes órgãos dos governos locais
responsáveis pela Reforma Agrária.
“O balanço da jornada
é bastante positivo e mostrou a força do nosso movimento, casando
lutas de massa e atividades políticas. Fizemos ocupações de
latifúndios e manifestações em 19 estados, além de audiência com
ministros, governadores e secretários estaduais, atividades
políticas no Congresso Nacional e em assembleias legislativas,
distribuição de alimentos sem agrotóxicos para a população. É
uma das jornadas de abril com mais ocupações desde 2004”, avalia
o integrante da Coordenação Nacional do MST, José Batista de
Oliveira.
O Movimento fez audiências com vários ministérios,
buscando resolver o problema dos acampados e fortalecer os
assentamentos, garantindo os direitos sociais das famílias. O
ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) anunciou que o governo
vai responder a pauta apresentada até o dia 2 de maio.
A
jornada, promovida pelo MST em todo o país, é realizada em memória
aos 19 companheiros assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás,
em operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos
Carajás, no Pará, no dia 17 de abril de 1996. A data é Dia
Nacional de Luta pela Reforma Agrária, assinado pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso, a partir de proposta da então senadora
Marina Silva.
Depois de 15 anos de um massacre de repercussão
internacional, o país ainda não resolveu os problemas dos pobres do
campo, que continuam sendo alvo da violência dos fazendeiros e da
impunidade da justiça.
Em
Pernambuco, foram ocupadas 15 áreas,
em um total de mais de 3.000 famílias mobilizadas. Foram realizadas
ocupações em latifúndios improdutivos nos municípios de São
Bento do Una, Altinho, Igarassu, Joaquim Nabuco, Itambé, Sertânia,
Petrolina, Granito, Inajá (duas), Lagoa Grande, Floresta, Ibimirim,
Iatí e Serra Talhada.
De acordo com o Incra de Pernambuco,
57% dos latifúndios cadastrados no órgão são improdutivos, o que
dá um total de 411.657 hectares que devem ser destinados à Reforma
Agrária. Essa área é suficiente para assentar as 23.000 famílias
que vivem hoje acampadas em todo o Estado.
Isso sem contar as
áreas devedoras da União e que desrespeitam a legislação
trabalhista e ambiental, e que são, portanto, passíveis de
desapropriação para Reforma Agrária, segundo a Constituição
Federal.
Apesar disso, das 15.000 famílias do MST que vivem
em acampamentos, muitas estão acampadas há mais de cinco anos,
vivendo em situação bastante difícil à beira de estradas e em
áreas ocupadas, que são vítimas da violência do latifúndio e do
agronegócio.