Colunista desmonta falso mito da desoneração da folha de pagamento

O colunista
Juremir Machado da Silva publicou na última sexta-feira, dia 22, um
artigo revelador no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, onde
reforça a tese de Evilásio Salvador, economista, doutor em Política
Social e professor da Universidade de Brasília sobre “os falsos
mitos da desoneração da folha de pagamento”.

Juremir
explica que os empresários no Brasil alardeiam que os encargos
sociais representam 102% do salário dos trabalhadores e não
explicitam à sociedade que incluem como encargos sociais direitos
historicamente conquistados pelos trabalhadores, como férias, 13º
salário, descanso semanal remunerado e FGTS.

De acordo com o
Dieese, devem ser considerados encargos sociais somente aquela
parcela do custo do trabalho que não vai para o bolso do
trabalhador. Nesse caso, a conta se reduziria a 21,5% da remuneração
do trabalhador.

Leia a íntegra do artigo:

Público
e privado

Li um artigo que está me alfinetando o
cérebro. “Os falsos mitos da desoneração da folha de
pagamento”, de Evilásio Salvador, economista e doutor em
Política Social, professor da Universidade de Brasília. Destaco
este parágrafo: “Os empresários no Brasil alardeiam que os
encargos sociais representam 102% do salário dos trabalhadores.
Contudo, não explicitam à sociedade que nesses cálculos estão
inclusos os direitos sociais historicamente conquistados pelos
trabalhadores, como o pagamento de férias, 13º salário, descanso
semanal remunerado e FGTS. De acordo com o Dieese, devem ser
considerados encargos sociais somente aquela parcela do custo do
trabalho que não vai para o bolso do trabalhador. Nesse caso, a
conta se reduziria a 21,5% da remuneração do trabalhador”.
Mais um mito que desaba?

Os empresários dizem reclamar da
parte que vai para os governos, mas, na verdade, reclamam é do que
vai para o bolso do trabalhador. Aquilo que os incomoda mesmo tem
nome e endereço: férias pagas, 13º salário, descanso semanal
remunerado e FGTS. Em outras palavrinhas, querem pagar menos para o
trabalhador simulando um desejo de pagar menos ao Estado.

É
uma bela polêmica. Funcionários públicos estão cansados de bancar
os vilões. Eles não têm FGTS e contribuem para a previdência pelo
teto do que ganham, enquanto os trabalhadores da iniciativa privada
contribuem sobre um máximo de R$ 3.800,00. Concursados a partir de
2004 não recebem mais a integralidade do salário como
aposentadoria. São argumentos consistentes. Mesmo assim, um número
muito menor de inativos do serviço público recebe muito mais do que
um número muito maior de inativos das empresas privadas. Aí é que
mora o problema.

Por que não um sistema único? Por que não
tudo igual, salvo a estabilidade no emprego e logo o FTGS, para todo
mundo? Essa é a grande discussão do momento. Os mitos, porém,
precisam ser enfrentados. Havia virado moda dizer que os brasileiros
pagam os impostos mais altos do mundo. É falso. Quem espalhava isso
foi obrigado a corrigir-se. Inventou-se uma nova fórmula: na relação
custo-benefício, pagamos os impostos mais altos do mundo.

Outra
afirmação comum é de que temos um dos custos do trabalho mais alto
do mundo. Sem dúvida, se eliminarmos “privilégios” como
férias pagas, 13º salário, FGTS, descanso remunerado e
contribuição patronal para a previdência social, teremos um custo
do trabalho muito mais baixo. E trabalhadores muito mais explorados e
miseráveis. Muitos dos nossos progressistas adorariam voltar para o
glorioso século XIX, avançando para trás.

Solução melhor
só a chinesa: um comunismo cada vez mais capitalista nos moldes
antigos. Trabalhador disciplinado, barato e de boca fechada, sem
espaço para direitos humanos e outras novidades ocidentais onerosas
e dispensáveis. Não é de duvidar que nossos capitalistas se tornem
defensores do modelo chinês e venham a render homenagem à grande
revolução começada pelo camarada Mao. Tudo se transforma. Ainda
seremos todos maoístas. Pós.

Juremir Machado da Silva


Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi