Carnaval, cultura e tradição

Carnaval, geralmente
adoramos e aguardamos ansiosos sua chegada todos os anos ou preparamos
as malas à procura de um lugar onde os batuques, pierrôs e confetes
passem longe. Em Pernambuco isso é ainda mais contundente, já que a
festa toma contas das ruas, modifica o trânsito, a rotina, os horários,
ou seja, quase tudo.

Mas por que uma festa tem tanta influência em todo um povo?
Ninguém discorda que temos uma verdadeira cultura carnavalesca em nossa
sociedade, mas o que isso quer dizer? Foliões de carteirinha desde
criança, a maioria de nós se acostumou com aquela alegria exacerbada,
com aquela multidão de ‘gente grande’ brincando como criança e aquele
mundo fantástico cheio de figuras oníricas.

As respostas podem ser encontradas na história, sociologia e
antropologia. O “mundo de cabeça pra baixo” que parecia não ter nada de
sério na nossa infância tem sim muita importância na construção da
identidade de cada povo. Principalmente porque o carnaval é uma
verdadeira aula de democracia, por ser uma manifestação livre de
coerções ou limitações por questões de classe, etnia, gênero ou credo.
Isso pode ser afirmado, porque a rua sempre foi o principal palco para
essa festividade do carnaval. Em Pernambuco isso é bastante claro, já
que temos desfiles de blocos e agremiações, em sua maioria, oriundas das
classes menos privilegiadas da sociedade quem têm as ruas como seu
palco mor.

Na rua é que pobres e ricos se encontram e, talvez momento
único no ano, como que por magia as classes sociais desaparecem e todos
viram apenas foliões. No carnaval mergulhamos num mundo onde as
fantasias imperam sobre a realidade. Quem não desejaria um mundo onde
pudéssemos ser quem e o que quiséssemos? Pobres fantasiados de reis,
trabalhadores com superpoderes, homens sem machismo vestidos de mulher.
Ou seja, a permissão social para ser quem você quiser.

A verdade é que o carnaval consegue fazer – pelo menos durante
quatro dias – o que nós almejamos para nossa vida em sociedade: a
extinção dos preconceitos e das injustiças sociais. Oriunda das festas
egípcias na Antiguidade, as festividades hoje chamadas de carnavalescas
surgiram para agradecer aos deuses a fertilidade da terra. Fertilidade
essa que trazia benefícios e condições de vida digna para todos os
povos.

Por tratar de questões tão essenciais e importantes, o tema
deve ser “resgatado” e debatido por todos os que constroem os movimentos
sociais. “A maior festa do Brasil” ganha destaque imenso na grande
mídia todos os anos, entretanto é mostrado apenas no que traz de banal e
frívolo. O carnaval, mais que uma festa, é um ritual que vem sendo
preservado há muitos anos. Antes de ser profano (no sentido negativo que
damos hoje a essa palavra) o carnaval é pueril, é uma brincadeira na
qual gente grande volta a ser criança. Como todo ritual, ele tem seus
motivos e objetivos. Por isso, vamos celebrá-lo. Vamos “brincar”,
fantasiados, vamos tomar as ruas (como gostamos sempre de fazer em
nossos protestos), mas conscientes do que isso representa dentro da
nossa cultura e tradição, porque só um povo consciente de sua cultura
pode preservá-la e transmiti-la fazendo-a perpetuar-se.

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