Outro banco é preciso

Depois de dois meses de debates, os bancários
fecharam no último dia 25 a pauta de reivindicações para a Campanha
Nacional deste ano. Nos próximos dias, ela será entregue aos bancos e as
negociações logo começarão. Como sempre, o embate com as instituições
financeiras não será nada fácil. Afinal, estamos enfrentando o setor
econômico mais poderoso do Brasil. Mesmo ganhando tanto dinheiro, os
bancos relutam em valorizar os bancários e sequer acenam com a
possibilidade de investir no crescimento econômico e social do Brasil.

É por isso que a Campanha deste ano vai dar um
enfoque especial no sistema financeiro. É claro que a maior parte das
nossas reivindicações é classista, como aumento real de salário, PLR
maior, igualdade de oportunidades, melhores condições de trabalho. Mas,
desta vez, temos uma série de questões relativas ao funcionamento dos
bancos que queremos discutir.

De acordo com o artigo 192 da Constituição Federal de
1988, que prevê a regulamentação do Sistema Financeiro Nacional, os
bancos devem estar “estruturados de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do país e a servir aos interesses coletivos”. É exatamente
isso que as instituições financeiras não fazem.

Para regulamentar essa lei, os bancários apresentaram
uma proposta para deputados e senadores há 18 anos que prevê, entre
outros pontos, a democratização do Conselho Monetário Nacional, a
limitação dos bônus dos executivos e aplicação do papel social dos
bancos. Agora, vamos retomar essas propostas e lutar para que elas saiam
do papel.

Em paralelo, vamos lutar por nossas reivindicações
classistas. Até porque, se os bancos lucram muito, isso também se deve
aos bancários. Por isso vamos atrás da nossa parte e os bancários já
mostraram disposição para a luta, conforme pesquisa do Sindicato.

E tem de ser assim, porque os bancos só querem saber
do lucro e não fazem nada que não lhe renda ganhos. Como você pode ler
na próxima página, o Sindicato acaba de dar um exemplo para os bancos de
que é possível abrir mão de algumas coisas em prol de um bem maior.
Nós, da diretoria da entidade, estamos reduzindo nosso mandato,
limitando a reeleição no Sindicato e diminuindo o teto das mensalidades
dos sócios. São medidas que não beneficiam nossos diretores, mas que vão
garantir mais democracia no Sindicato.

Esperamos que os bancos aprendam essa lição. Caso contrário, estamos
prontos para a luta.

Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi