Pare um pouco e pense. Qual é o momento mais feliz no seu trabalho?
Quando você chega e encontra os colegas, vê tudo que há para ser feito e
começa a fazê-lo ou quando, depois de ter trabalhado quase sem descanso
ou tempo para olhar o companheiro ao lado, olha no seu monitor e se dá
conta de que faltam poucos minutos para ir embora? Se você escolheu a
segunda opção não se sinta culpado. Não é que você não goste de
trabalhar, seja preguiçoso ou descomprometido com a empresa. Como dizem
por aí “o buraco é mais embaixo”.
A lógica em que o trabalho está
organizado hoje é que tem feito dele um processo torturante. Temos cada
vez mais tecnologia e aparatos que poderiam diminuir nossa carga de
trabalho, mas isso não tem acontecido. A realidade nos bancos, hoje, é
de cobranças e metas “desafiadoras”.
Nesse processo a
responsabilidade pela ascensão profissional ou mesmo a manutenção do
emprego é colocada toda nos ombros do trabalhador. Ou seja, se você for
capaz de assumir os “desafios” lançados aos novos profissionais poderá
ter um futuro brilhante em sua carreira. Entretanto, a experiência tem
se mostrado bastante diferente. Na hora de demitir, os bancos escolhem
os empregados mais “caros”, que por conseguinte acabam sendo os mais
preparados, experientes e qualificados. Admitem aquele que vai pesar
menos na folha de pagamento no lugar daquele, numa visível e aviltante
rotatividade de mão-de-obra.
O resultado de tudo isso pode ser
analisado nos dados que mostram a aumento assustador no número de
afastamentos por adoecimento mental. Nós que já somos a categoria mais
adoecida por problemas físicos, agora temos visto colegas afastarem-se
do banco por depressão, estresse, síndrome do pânico, entre outros males
psíquicos. Não é de se espantar então que uma pesquisa realizada neste
ano pela Contraf/CUT tenha mostrado que os bancários estão mais
preocupados com o fim das metas abusivas e de todas as formas de assédio
do que especificamente com questões salariais. Já cheguei a ouvir de
outro colega que “abriria mão da PLR em troca de condições de trabalho
melhores”.
Não queremos que as reivindicações de saúde sejam
atendidas em detrimento da melhora das questões salariais da nossa
categoria. Queremos sim aumento real, melhoria no piso dos bancários,
PLR maior e também o fim desse processo massacrante de trabalho.
Queremos que os bancos cumpram seu papel social para que nós, bancários,
também possamos nos enxergar como agentes de transformação na melhoria
do nosso país. É por isso que lutamos em favor disso e nos lançaremos
com força e determinação na nossa Campanha Nacional 2010.