“Tudo é uma questão de manter a mente
quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo” Walter Franco
Reta final do processo eleitoral, a
mídia aponta todos os seus canhões e holofotes contra a candidatura que
encarna a continuidade do projeto democrático-popular, que vem
desenvolvendo o Brasil e melhorando as condições de vida de milhões de
pessoas, na ânsia de reescrever a história e alterar o resultado das
urnas. Para isso, a “grande imprensa” não economiza em fazer uso de todo
tipo de manipulação, mentiras e invisibilidades. De forma orquestrada,
em nome da liberdade de expressão, atenta contra ela; em nome do
interesse nacional, se alinha com o que há de mais submisso e
vende-Pátria; em nome da democracia, propagandeia o golpe…
Diante do tamanho do confronto – e da
desproporção dos meios de comunicação em favor do inimigo –
particularmente nestes dias em que destilam doses ensandecidas de
calúnia e difamação – é que conclamamos a militância cutista e dos
movimentos sociais a darem tudo de si nas ruas para obter o melhor para o
país nas urnas.
Talvez o mais apropriado não seria dizer
a “mente quieta”, mas o sentido é sublinhar a necessidade de termos
toda a calma, paciência e sobriedade, para não cair em provocação,
colocando a razão – que está ao nosso lado – no debate
político-ideológico com a “nova direita”, como diz um candidato do
PSDB-DEM em sua propaganda eleitoral na Folha de S. Paulo. Cito a
“espinha ereta”, para que mantenhamos redobrada a firmeza da nossa
Plataforma da CUT para as eleições 2010, com ênfase na distribuição de
renda e valorização do trabalho, dando todo o apoio necessário ao
conjunto, destacando que é a nossa força coletiva o verdadeiro pilar, a
coluna de sustentação da luta e da vitória. E o “coração tranqüilo” para
sermos cada vez mais justos, caminhando com pureza de propósitos,
guiados que somos pelo compromisso maior com a classe trabalhadora, o
Brasil e a Humanidade.
Daí a nossa luta para denunciar o
candidato do desgoverno FHC, de arrocho e desemprego, da privatização da
Vale do Rio Doce, que quis entregar a Petrobrás e transformá-la em
Petrobrax – hoje com maior presença do Estado e a segunda maior empresa
de petróleo do mundo – o nome da Alca, contra a integração
latino-americana; da repressão aos professores e da criminalização dos
movimentos sociais, da multiplicação dos pedágios, do desmonte da saúde e
do ensino públicos… É com esse triste personagem – “enfadonho”
segundo um certo jornal inglês – que querem fazer a roda da história
girar para trás, repetida como farsa.
Que a situação não precisaria ter
chegado neste ponto no que diz respeito à mídia, é uma obviedade para a
qual a CUT, os movimentos sociais e de luta pela democratização da
comunicação têm alertado há muito tempo. O que esteve ao nosso alcance
foi feito para que tivéssemos, ainda que modestamente, os nossos
próprios instrumentos contra-hegemônicos, para fazer o contraponto.
Agora, os barões da mídia põem as manguinhas de fora e retribuem com fel
a tremenda paciência com que o presidente Lula os tratou ao longo do
seu governo. Defendem o direito a serem incriticáveis, como cidadãos
acima da lei e das regras de convivência, considerando qualquer correção
em seus vergonhosos e cada vez mais unilaterais noticiários como
“atentado à liberdade de imprensa”.
A construção de um novo marco
regulatório para o setor, iniciativa apontada pela Conferência Nacional
de Comunicação (Confecom) como elementar para promover a mais ampla e
plural liberdade de expressão, é uma medida que será estruturante, pondo
fim à atual desregulamentação promovida pelo “mercado”, controlado
pelos monopólios da desinformação.
Como bem pontuou o presidente Lula, no
próximo dia 3, “não vamos derrotar apenas os tucanos, nós vamos derrotar
alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem partido
político e não tem a coragem de dizer que são partido político e tem
candidato”.
Por estas e outras, o Centro de Estudos
de Mídia Barão de Itararé, o qual nossa Central tem o prazer de
integrar, aprovou algumas ações práticas que precisam ser abraçadas pela
nossa militância, para além da luta mais geral em defesa da comunicação
democrática e pluralista, que deverá ser um desafio prioritário a ser
enfrentado pelo próximo governo. Neste sentido, o ato contra o golpismo
midiático propôs algumas ações concretas:
– Desencadear de imediato uma campanha
de solidariedade à revista CartaCapital, que está sendo alvo de
investida recente de intimidação. É preciso fortalecer os veículos
alternativos no país, que sofrem de inúmeras dificuldades para expressar
suas ideias, enquanto os monopólios midiáticos abocanham quase todo o
recurso publicitário. Como forma de solidariedade, sugerimos que todos
assinemos publicações comprometidas com a democracia e os movimentos
sociais, como a Carta Capital, Revista Fórum, Caros Amigos, Retrato do
Brasil, Revista do Brasil, jornal Brasil de Fato, jornal Hora do Povo,
entre outros; sugerimos também que os movimentos sociais divulguem em
seus veículos campanhas massivas de assinaturas destas publicações
impressas;
– Solicitar, através de pedidos
individuais e coletivos, que a vice-procuradora regional eleitoral, Dra.
Sandra Cureau, peça a abertura dos contratos e contas de publicidade de
outras empresas de comunicação – Editora Abril, Grupo Folha, Estadão e
Organizações Globo –, a exemplo do que fez recentemente com a revista
CartaCapital. É urgente uma operação “ficha limpa” na mídia brasileira.
Sempre tão preocupadas com o erário público, estas empresas monopolistas
não farão qualquer objeção a um pedido da Dra. Sandra Cureau.
– Deflagrar uma campanha nacional em
apoio à banda larga, que vise universalizar este direito e melhorar o
PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) recentemente apresentado pelo
governo federal. A internet de alta velocidade é um instrumento poderoso
de democratização da comunicação, de estimulo à maior diversidade e
pluralidade informativas. Ela expressa a verdadeira luta pela “liberdade
de expressão” nos dias atuais. Há forte resistência à banda larga para
todos, por motivos políticos e econômicos óbvios. Só a pressão social,
planejada e intensa, poderá garantir a universalização deste direito
humano.
– Apoiar a proposta do jurista Fábio
Konder Comparato, encampada pelas entidades do setor e as centrais
sindicais, do ingresso de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
(Adin) por omissão do parlamento na regulamentação dos artigos da
Constituição que versam sobre comunicação. Esta é uma justa forma de
pressão para exigir que preceitos constitucionais, como o que proíbe o
monopólio no setor ou o que estimula a produção independente e regional,
deixem de ser letra morta e sejam colocados em prática. Este é um dos
caminhos para democratizar a comunicação.
– Esclarecer o que está em jogo nas
eleições brasileiras e o papel que a chamada grande imprensa tem jogado
neste processo decisivo para o país.
Façamos a nossa parte. Vamos à luta e à
vitória