Insatisfação e desrespeito. Essa é a melhor definição para a situação
vivida por clientes usuários e, principalmente, bancários nas agências
do Bradesco nos últimos dias de março. O caos registrado no primeiro dia
de pagamento dos servidores estaduais, no final de fevereiro, deu lugar
à extrapolação de jornada, reclamação e insegurança.
Obrigados a
abrirem as agências às sete horas da manhã, por conta da demanda com o
pagamento da folha dos servidores, os trabalhadores do Bradesco estão
tendo de chegar em seus locais de trabalho por volta das seis horas.
Assim, além do excesso de jornada, bem maior que o permitido na
convenção nacional da categoria, os trabalhadores ficam expostos a um
risco maior de assalto. A falta de itens de segurança, marca registrada
nas agências do Bradesco, e a pouca circulação de pessoas no início da
manhã proporcionam um ambiente bastante favorável a investidas
criminosas.
Essa situação já havia sido antecipada pelos
dirigentes do Sindicato em diversas conversas com os diretores regionais
e, até mesmo, com o diretor nacional de relações sindicais da
instituição, Gerado Grando, sem que nenhuma providencia fosse tomada. Em
uma das última conversas com Grando, ele alegou que os problemas
ocorridos em fevereiro se deram em caráter excepcional e que a situação
não iria se repetir.
“O que nós podemos deduzir é que o Bradesco
venceu a licitação para operar a folha de pagamento do funcionalismo
estadual mas não se preparou adequadamente para atender a demanda gerada
por eles. Conclusão, o que mais vimos nas agências que o Sindicato
visitou foi o pessoal insatisfeito com a qualidade do serviço e o
bancário tendo que fazer malabarismo para dar conta da situação”,
comenta a diretora do Sindicato e empregada do banco, Suzineide
Rodrigues.
O problema não ocorre apenas com os trabalhadores do
Recife. Em Camaragibe, e em várias outras cidades da região
metropolitana e do interior, o mesmo descaso. Em Ipojuca, por exemplo, o
Bradesco foi o único banco a abrir a agência na última quarta-feira,
30, dia do aniversário de emancipação da cidade e feriado municipal. E o
mais grave: está se negando a pagar hora extra.
“Além da
abertura da agência no feriado municipal, numa clara demonstração de
desrespeito à história do município, também em março houve um final de
semana em que os bancários tiveram que trabalhar no sábado. Vale
ressaltar que em nossa conversa com a diretoria de relações sindicais,
em São Paulo, Geraldo Grando havia nos garantido que o trabalho seria
realizado por prestadores de serviço contratados para orientar e
auxiliar os clientes na utilização dos terminais eletrônicos. Mas na
verdade o que se deu foi bem diferente. O trabalho foi realizado por
bancários. Quando questionado, Geraldo Grando nos garantiu que a
diretoria nacional não tomou conhecimento do fato”, explica João Rufino,
secretário de Saúde do Sindicato.
A medida que nos afastamos da
capital pernambucana as práticas do banco beiram a irresponsabilidade.
Em diversas localidades onde há agências do Santander, antigo detentor
das contas dos servidores, o Bradesco está abrindo PPAs- postos de
atendimento avançado. Aí sim é que a situação é desastrosa. Com o
argumento de chegar a todos os municípios cobertos pelo concorrente, o
Bradesco exagera no descaso. Abre os postos sem levar em consideração os
mais elementares cuidados com a segurança, o bem estar e a qualidade no
atendimento. Muitos desses locais funcionam sem a mínima estrutura,
sendo instalados até mesmo em garagens residenciais alugadas pelo banco.
Não
bastasse todos esses transtornos, o banco ainda está obrigando seus
trabalhadores a tirarem apenas 20 dais de férias. Diante de tal
situação, na próxima segunda feira, dia 04, o Sindicato irá protocolar
uma correspondência solicitando reunião com a diretoria regional para
cobrar soluções. “Desde o final de fevereiro que nós estamos tentando
resolver a situação pela via negocial. Entretanto, se o Bradesco não
apresentar nada de concreto partiremos para ações mais incisivas”
esclarece Suzineide.