
FOTO: Contraf-CUT
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco entregou, nesta quarta-feira (26), o Dossiê “Assédio e Adoecimento dos(as) trabalhadores(as) do setor bancário em Pernambuco”, à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A entrega aconteceu em São Paulo, no mesmo dia de realização da Mesa Bipartite sobre Assédio Moral, Sexual e Outras Formas de Violência no Trabalho Bancário.
O documento foi construído em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e evidencia um cenário alarmante de adoecimento físico e psíquico da categoria, resultado das práticas abusivas de gestão no setor bancário.
Realizado pelas pesquisadoras Ingrid Barbosa (PPGS/UFPE) e Mylena Galdino (PPGCS/UFRPE), com coordenação do professor Maurício Sardá e do cientista político Marcos Levay, o estudo detalha como rankings, metas inalcançáveis e pressões constantes têm levado bancários e bancárias a condições extremas de trabalho e saúde.
Além da equipe acadêmica, a pesquisa contou com contribuições do Grupo de Trabalho do Sindicato, composto por Fabiano Moura (presidente), Alan Patrício (Sec. Saúde), Cândida Fernandes (Sec. Geral), Flávio Coelho (Sec. Jurídico), Andreza Camila (Sec. Ramo Financeiro), Ricardo Vaz (Sec. Bancos Públicos), João Rufino (Sec. Aposentados), as dirigentes Sandra Trajano e Bethânia Montarroyos, e assessoria técnica de Osangela Sena (Dieese).
Para Fabiano Moura, presidente do Sindicato, a entrega do dossiê é um passo fundamental na luta contra as práticas que adoecem a categoria. “Diariamente, enfrentamos casos de bancários que sofrem com assédio e estresse extremo. Esse documento, construído com rigor científico, reforça o que denunciamos há anos: a gestão bancária precisa mudar para garantir um ambiente saudável e digno para os trabalhadores.”

A Contraf-CUT recebeu o material, na presença de Juvandia Moreira (Presidenta), Mauro Salles (Secretário de Saúde), Gustavo Tabatinga (Secretário Geral) e Fernanda Lopes (Secretária da Mulher), reafirmando o compromisso na defesa da saúde da categoria, destacando que o documento será utilizado como subsídio para futuras negociações e ações sindicais.
A Fenaban, que historicamente nega o impacto da gestão bancária no adoecimento dos trabalhadores, agora tem em mãos um estudo detalhado que comprova a gravidade da situação. O documento foi recebido pelo representante Adauto Duarte.
Além das entidades do setor, o dossiê será levado ao Ministério Público e ao Governo do Estado, além de ser apresentado em audiências públicas para ampliar o debate com a sociedade. “A população também precisa saber que a forma como os bancos operam afeta não apenas os trabalhadores, mas o atendimento e o serviço prestado à sociedade como um todo”, aponta Fabiano Moura.
A luta contra o assédio e o adoecimento no setor bancário continua, agora com um documento robusto que respalda a urgência de mudanças estruturais no modelo de gestão dos bancos. “A forma de gestão dos bancos, que foi o objeto da pesquisa, se baseia na pressão, na suposição de que a pressão é produtiva. E o trabalhador pressionado vai tentar cumprir o que está estabelecido para ele à custa da sua saúde e do seu adoecimento. Às vezes, ele nem percebe que está adoecendo e quando vê não tem nem condições de ir ao trabalho. Os dados que estamos apresentando é um quadro desesperador de trabalhadores adoecidos sob assédio interpessoal e institucional na categoria bancária”, conclui Maurício Sardá.