
O crescente adoecimento da categoria bancária em decorrência do assédio moral ganhou visibilidade na manhã desta quinta-feira (13), em entrevista veiculada pela Rádio Paulo Freire. Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura, e o Doutor em Sociologia Política e do Trabalho, Maurício Sardá, do LABOR/UFRPE, participaram do programa “O que tem pra hoje”, apresentando os resultados da pesquisa “Assédio e Adoecimento dos(as) trabalhadores(as) do setor bancário em Pernambuco”, realizada numa parceria entre o Sindicato e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
O trabalho das pesquisadoras Ingrid Barbosa (PPGS/UFPE) e Mylena Galdino (PPGCS/UFRPE), coordenado pelo professor Maurício Sardá e pelo cientista político Marcos Levay, destacou o sofrimento físico e psíquico enfrentado pela categoria bancária em Pernambuco, apontando mecanismos de gestão dos bancos como causadoras do adoecimento.
Sardá afirma que a pesquisa é, além de um documento acadêmico, um relatório detalhado sobre a situação do adoecimento da categoria bancária. “A forma de gestão dos bancos, que foi o objeto da pesquisa, se baseia na pressão, na suposição de que a pressão é produtiva. E o trabalhador pressionado vai tentar cumprir o que está estabelecido para ele à custa da sua saúde e do seu adoecimento. Às vezes, ele nem percebe que está adoecendo e quando vê não tem nem condições de ir ao trabalho. Os dados que estamos apresentando é um quadro desesperador de trabalhadores adoecidos sob assédio interpessoal e institucional na categoria bancária”, disse Sardá à Rádio Paulo Freire.
Os rankings, pressão e metas abusivas são alguns dos problemas que estão causando o adoecimento em massa entre os bancários, revela a pesquisa. Para o presidente do Sindicato, Fabiano Moura, a pesquisa confirma o que era constatado pelas Secretarias de Saúde e de Assuntos Jurídicos do Sindicato.
“Realizamos, diariamente, um trabalho intensivo para combater o assédio dentro das agências bancárias e repudiamos toda forma de pressão que causa adoecimento e estresse aos bancários. A pesquisa é detalhada, com critérios científicos, e faz a ligação entre a gestão dos bancos e o adoecimento da categoria.”, afirma Fabiano.
Para Rádio Paulo Freire, Fabiano Moura informou que o documento será levado às autoridades, como governo do estado e Ministério Público, como também apresentado em audiências públicas, que buscarão dialogar diretamente com clientes do sistema financeiro e população em geral. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que nega veementemente esta realidade, também será comunicada sobre os levantamentos da pesquisa, como também as gestões dos bancos públicos.
Além da equipe acadêmica, a pesquisa contou com contribuições do Grupo de Trabalho do Sindicato, composto por Fabiano Moura (presidente), Alan Patrício (Sec. Saúde), Cândida Fernandes (Sec. Geral), Flávio Coelho (Sec. Jurídico), Andreza Camila (Sec. Ramo Financeiro), Ricardo Vaz (Sec. Bancos Públicos), João Rufino (Sec. Aposentados), e as dirigentes Sandra Trajano e Bethânia Montarroyos.