A inclusão, com garantia de ascensão, às pessoas com deficiência (PCDs) no setor bancário foi o tema que abriu a mesa de negociações sobre “Saúde e Condições de Trabalho”, realizada no dia 18 de julho, entre o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (CN Fenaban), no âmbito da campanha nacional da categoria para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Segundo levantamento do Dieese, considerando todos os cargos da categoria bancária, os PCDs representam apenas 4%. Nos cargos de liderança, esse percentual é ainda menor: apenas 2%.
“Nossa reivindicação é pela garantia não apenas do acesso ao emprego no setor, mas de ascensão, com o combate ao capacitismo para que esse grupo tenha igualdade de oportunidade nos processos de ascensão de carreira. E isso inclui a garantia de suportes específicos, conforme a condição da pessoa com deficiência, para que ela consiga desempenhar suas atividades”, destacou o secretário-geral Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga.
Outra reivindicação é que mães e pais de pessoas com deficiência tenham a redução de jornada para acompanhamento médico e educacional dos filhos. Também foi apresentado o pedido de abono de faltas aos trabalhadores com deficiência, considerando que, muitas vezes, precisam se ausentar do trabalho para ajustes técnicos de equipamentos e próteses ou realização de terapias específicas, conforme a condição da deficiência.
Os PCDs bancários têm remuneração média 37,6% inferior à remuneração média das pessoas sem deficiência. “É fundamental que os bancos reposicionem o olhar sobre PCDs e neurodivergentes. Não basta cumprir o Decreto Federal (nº 3.298, de 1999), que determina de 2% a 5% do seu quadro para profissionais com deficiência, mas é preciso oferecer um ambiente de trabalho adequado e inclusão”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura.
Os representantes da Fenaban reconheceram que ainda há muita desinformação sobre o tema, em especial na questão dos neurodivergentes, e disseram que vão levar as demandas da categoria aos bancos, para construir respostas às reivindicações.
Segurança
Os trabalhadores apresentaram dados de uma consulta, encomendada ao Dieese, com bancários de unidades de negócios e postos de autoatendimentos, de todas as regiões do país. Ao serem perguntados se, nos últimos 24 meses, sofreram algum tipo de agressão, partindo de clientes ou usuários, 69% responderam que sim. Quando perguntados qual foi a primeira pessoa que o funcionário procurou, no momento da agressão, a resposta da maioria (38,7%) foi o vigilante.
Os trabalhadores reforçaram que o tema dialoga diretamente com a saúde, uma vez que a elevada sensação de insegurança e medo tem impactos na saúde mental das bancárias e bancários. “A retirada de portas de segurança e de vigilantes é extremamente temerária. Esses mecanismos se mostraram eficazes. Retirá-los é um retrocesso”, destacou o secretário de saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles.
Os representantes dos bancos justificaram que as portas giratórias causam “constrangimentos” aos que possuem alguma dificuldade de mobilidade. Também afirmaram que as mudanças estruturais do setor reduzem a necessidade de vigilantes e portas giratórias.