
O Comando Nacional dos Bancários se reuniu, nesta quarta-feira (26), com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para a primeira reunião de negociação, que tratou sobre “Emprego”. Numa ação conectada, os bancários de Pernambuco se mobilizaram nas redes subindo a #JuntosPorEmprego e nas ruas, percorrendo os bancos do corredor da Av. Conde da Boa Vista, no Recife, para dialogar com a sociedade e os bancários sobre as reivindicações desta campanha.
A garantia do emprego foi apontada por 68% dos trabalhadores dos bancos privados, na Consulta Nacional aos Bancários, como a principal preocupação para esta campanha.
“Os bancos privados estão reduzindo unidades e demitindo os trabalhadores, prejudicando os bancários e o acesso da população aos serviços bancários. Cobramos uma posição da Fenaban na mesa e, nos locais de trabalho, estamos mobilizando e organizando a categoria para a luta”, afirmou o secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Alan Patrício, que participou da agenda nas agências nesta quarta-feira.
Nos bancos públicos, o déficit de trabalhadores gera sobrecarga de trabalho para quem continua nos bancos e prejudica o atendimento à população, que precisa realizar seus pagamentos, acessar créditos, entre outros. Para solucionar a situação, o Comando Nacional cobra a realização de concursos públicos que garantam o pleno funcionamento dos bancos públicos no exercício do seu papel social, enquanto distribuidores de renda e impulsionadores da economia do país.
Na mesa de negociação, antes de entrar no tema, os trabalhadores cobraram a assinatura da ultratividade do acordo, para que todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria sigam válidos até a assinatura do novo acordo.
Com o foco no emprego, os representantes dos trabalhadores apontaram que o setor bancário está na contramão de todos os demais setores do ramo financeiro, enxugando vagas e fechando agências. Segundo dados da RAIS (base de dados estatísticos, organizados pelo Ministério do Trabalho e Previdência), entre 2012 e 2022, a categoria bancária saiu de 513 mil pessoas para 433 mil, redução de 16% (79,5 mil). No mesmo período, as demais categorias do ramo financeiro aumentaram em 72% os postos de trabalho, passando de 323 mil para 555 mil.
Enquanto isso, nos últimos cinco anos, os bancos fecharam mais de 3 mil agências, a maioria nas áreas com elevada necessidade social, ou seja, fora dos grandes centros, deixando as pequenas cidades desassistidas do serviço bancário.

“Os números evidenciam a drástica redução dos bancários e, na contra mão disso, os postos de trabalho no ramo financeiro continuam crescendo. Somado a isso, e os bancos não tocam neste assunto, cresce o número de trabalhadores pejotizados e terceirizados, assim como os demais trabalhadores do ramo sofrem com contratações precárias”, critica o presidente do Sindicato, Fabiano Moura.
Os bancos alegam que a falta de regulamentação do setor resulta na concorrência entre os bancos tradicionais e os bancos virtuais, fintechs, cooperativas, entre outros. Assim, defenderam em mesa o conceito de unidade de negócio, trazendo os clientes para esses espaços. “Avaliamos que é uma grande contradição. Uma vez que os bancos selecionam cada vez mais o acesso da clientela, principalmente a população de baixa renda”, pontuou Fabiano.
A Fenaban alegou que as vagas de emprego dependem de crescimento econômico. O Comando, então, propôs a assinatura de uma carta conjunta para cobrarem juntos, do Banco Central, a redução da taxa básica de juros, a Selic, que está em um percentual que faz com que o Brasil tenha um dos maiores juros reais do mundo, comprometendo o desenvolvimento do setor produtivo e a criação de empregos.
A pauta também foi reforçada pela secretária de Comunicação do Sindicato, Sandra Trajano, no ato em Recife. “A Campanha Nacional dos Bancários é também uma campanha social. Além da luta pelo aumento real e valorização da PLR e tíquetes, buscamos também a redução das taxas de juros para o crescimento econômico do país e geração de emprego”, aponta a dirigente.
Terceirização
Com base em levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Comando apontou também que, em 2023, os bancos aumentaram em 22% a contratação de profissionais de TI, porém, no mesmo ano, houve o aumento de 89% de profissionais terceirizados nesta mesma área.
Os representantes dos trabalhadores destacaram o caso do Santander, que vem substituindo bancários por contratados PJ, com salários de R$ 1.500, além de uma remuneração variável. Esses mesmos funcionários têm acesso ao sistema do banco e atendem aos clientes, sendo que, em alguns lugares, há relatos de que chegam a realizar cinco visitas ao dia.
“Os bancos continuam lucrando muito às custas do nosso trabalho, dos juros altos e da exploração dos clientes e usuários, não há contrapartida desse setor para a sociedade. Por isso, nada justifica a quantidade de demissões e as contratações sem proteção da nossa CCT, por meio da pejotização e terceirização”, ressalta Fabiano Moura.
Outras pautas da mesa
– Os trabalhadores cobraram ainda o retorno da homologação nos sindicatos, para que as entidades possam acompanhar de perto todo o processo, para garantia de direitos dos desligados;
– Qualificação e requalificação profissional, sobretudo diante da revolução tecnológica;
– Indenização adicional em caso de demissão.
Manifestações nas redes sociais
Durante a reunião, bancários e bancárias de todo o país foram mobilizadas para uma manifestação nas redes sociais, com o uso da hashtag #JuntosPorEmprego. As atividades em rede resultaram em mais de 136 mil reações e alcançou o 1º lugar nos tópicos mais comentados da rede X (ex-Twitter), no Brasil, nesta quarta-feira.
Calendário das próximas reuniões
Julho
2/07 – Cláusulas sociais
11/07 – Igualdade de oportunidades
18 e 26/07 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição