
A Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) entregou ao BB, no dia 12 de julho, a lista de reivindicações das Centrais de Relacionamento do Banco do Brasil (CRBBs). O movimento sindical avaliou que a falta de concurso público, para que as vagas em aberto sejam ocupadas, está diretamente ligada aos problemas que os funcionários enfrentam nas centrais de atendimento. O BB assumiu o compromisso de direcionar aprovados no último concurso para as CRBBs, mas ainda não cumpriu o acordado.
Uma consulta realizada pelo movimento sindical junto aos trabalhadores das CRBBs, e apresentada ao banco, revelou dados preocupantes. Cerca de 69%, 71% e 45%, respectivamente, dos entrevistados das CRBBs de Recife (PE), São José dos Pinhais (PR) e São José (SC), responderam ‘não’ quando perguntados se sentiam felicidade ao vir para o trabalho. Quando perguntados se atendiam mais de um cliente ao mesmo tempo, 66,7% dos trabalhadores de Recife, 55% dos de São José dos Pinhais e 62,7% dos de São José responderam que chegam a atender até mais que dois clientes ao mesmo tempo. Já o percentual da resposta “sim” para a questão “você já precisou se afastar das suas atividades por doença relacionada ao estresse, causada ou agravada pelo ambiente de trabalho?” foi 33% em Recife, 52% em São José dos Pinhais e 31,4% em São José.
Representante do Nordeste na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB) e secretária de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Sandra Trajano destaca o que foi conversado em mesa de negociação.“Denunciamos, através da tabulação da pesquisa realizada nas unidades dos CRBBs do país, o clima ruim de trabalho nesses espaços, provocado principalmente por falta de condições de trabalho. Além disso, debatemos sobre as metas abusivas, impedimento de ascensão, dificuldade do gozo das férias e o uso do assédio moral como forma de gestão. O BB precisa voltar a ser um banco voltado ao desenvolvimento, sem esquecer do seu principal bem que são os funcionários”, comenta Sandra.
A CRBB sempre foi uma porta de entrada de encarreiramento no banco, onde os funcionários adquiriam um amplo conhecimento da empresa e de lá partiam para as mais diversas áreas. Mas isso vem sendo impedido pela alta quantidade de “claros” [termo para vagas não ocupadas] nos prefixos. De acordo com a CEBB, existem muitos casos de funcionários na mesma posição por 8 a 10 anos e, quanto maior o período na mesma posição, maior o nível de insatisfação e estresse.
Outras demandas das CRBBs apresentadas na mesa de negociação foram a implementação do home office; valorização salarial; fim do estímulo abusivo à competição; melhora nas condições de trabalho; e mudanças no sistema de metas.
“Apresentamos para o banco condições muito preocupantes, como trabalhadores atendendo duas, três até quatro pessoas ao mesmo tempo; pausas de apenas segundos, entre uma ligação e outra; competição e metas que adoecem”, destaca a coordenadora da CEBB Fernanda Lopes.
Em relação às metas, entre as propostas apresentadas pelo movimento sindical ao banco está o retorno ao mecanismo de indução. O movimento sindical destacou que o melhor seria a pontuação pela oferta e a apresentação do produto, em vez de haver pontuação apenas com a efetivação do negócio, que muitas vezes acaba sendo feito por outro canal, apesar de ter se iniciado na CRBB.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura, avalia que “é preciso urgentemente mudar a mentalidade de mercado que está embutida no BB. Os trabalhadores da CRBB, assim como nos demais departamentos e agência, estão sofrendo dentro do Banco do Brasil, num ambiente de trabalho movido pelo interesse econômico. Isso é muito distante do que defendemos para um banco público”, afirma.
Para solucionar esse quadro, o movimento sindical propôs ao banco a realização de novos concursos públicos. O Banco do Brasil também propôs a criação de um grupo de trabalho, que será formado entre representantes dos trabalhadores e representantes do banco, para avaliar os resultados das consultas feitas nas CRBBs e estudar a aplicação das melhorias solicitadas.