Santander coloca em risco a vida dos funcionários e clientes

O Sindicato dos Bancários de Pernambuco, em consonância com a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do banco Santander, está tomando ações de enfrentamento às iniciativas do banco que colocam em risco a vida de seus funcionários, clientes e da sociedade como um todo, em meio à pandemia do novo coronavírus. Desconsiderando o agravamento da crise sanitária, o banco deixou de fazer a sanitização das unidades e troca das equipes onde foram confirmados casos de Covid-19, e se prepara para romper o isolamento social e retomar as atividades normais, com abertura de 100% das agências. 
A entidade que já enviou ofício ao Setor de Relações Sindicais do Santander cobrando providências, intensificará as denúncias sobre a exposição dos funcionários e clientes ao risco de contaminação. Em Pernambuco, já registra-se 18 casos confirmados de funcionários do Santander, além de 29 suspeitos. “Recebemos muitas denúncias de que não está havendo higienização das unidades, faltam EPIs, e o banco não está afastando a equipe que esteve em contato com o trabalhador infectado, tampouco providenciando o teste. Desta forma, o Santander está descumprindo as orientações da OMS, do Ministério da Saúde, dos governos e municípios, colocando vidas em risco para garantir sua lucratividade exorbitante”, critica a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzi Rodrigues.
Em um momento em que as autoridades destacam a necessidade de paralisação total das atividades em diversos locais do país, o banco divulgou vídeos gravados por diretores de rede de todo o país de incentivo ao fim do isolamento social e retorno à “normalidade”, com orientação aos trabalhadores para divulgação nas redes sociais. A dirigente da Fetrafi-NE e membro da COE Santander, Tereza Souza, ressalta: “estamos entrando em uma fase crítica da pandemia no nosso país, e o Santander está seguindo na contramão da prevenção”. O assunto foi uma das pautas da reunião realizada em caráter de urgência pela COE, nesta quinta-feira (7).
É um contrassenso o banco espanhol adotar medidas que podem levar funcionários e clientes ao adoecimento e contribuir para o aumento dos casos em toda a sociedade logo depois de anunciar o lucro de R$ 3,85 bilhões nos três primeiros meses do ano, com crescimento de 10,5% em relação ao mesmo período de 2019 e uma rentabilidade de 22,3%. Em 2019, o banco já havia apresentado lucro recorde de R$ 14,550 bilhões, crescimento de 17,4%, em relação ao ano anterior.
“Retomar as atividades normais e chamar os clientes para as agências bancárias é repetir os erros cometidos na Europa, que levaram ao colapso do sistema de saúde e à morte de milhares de pessoas”, destaca Suzi Rodrigues.
Procedimentos de sanitização
Os procedimentos a serem realizados nas agências e em outros locais de trabalho onde houve casos confirmados de covid-19, para garantir a segurança e a saúde dos funcionários, clientes e da população é fechar a agência, realizar a sanitização e afastar todos os funcionários que tiveram contato com a pessoa que foi contagiada para observar se mais alguém foi contagiado e, desta maneira, evitar que estas pessoas contagiem outras.
Fúria espanhola
Os dirigentes sindicais disseram, ainda que, tanto as medidas adotadas pelo Santander, quanto os vídeos dos diretores de rede, seguem a linha ditada pelo presidente do Santander no país, Sérgio Rial.
Segundo os relatos, em videoconferência com funcionários, Rial cobrou o cumprimento de metas e ameaçou demissões caso as mesmas não sejam cumpridas, dizendo, inclusive, que aqueles que pensam diferente e não colaboram prestam um desserviço ao banco e contribuem para um baixo nível de produtividade.
Na mesa de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários a Fenaban, os bancos haviam se comprometido a amenizar as cobranças de metas durante o período da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Rial teria afirmado, também, que o banco vai se aproveitar da experiência de home office e do aumento da digitalização bancária ocorridos durante a pandemia para manter esse tipo de atuação e serviço depois que a crise passar.

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