
Neste ano, o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho, 28 de abril, será marcado por reflexões sobre os recentes desmontes das leis trabalhistas no Brasil, os impactos para a saúde da classe trabalhadora e a situação dos trabalhadores de serviços essenciais, que arriscam a sua saúde para organizar o funcionamento da sociedade em meio à pandemia do novo coronavírus.
Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzi Rodrigues, além de uma homenagem às vítimas da Covid-19, a data deve ser também de luta por melhores condições de trabalho. “Estamos enfrentando uma grave crise sanitária, que revela a precarização das condições de trabalho no nosso País. A classe trabalhadora, que vem enfrentando uma ofensiva do governo e dos empresários contra os direitos trabalhistas, se vê agora na linha de frente, considerada serviço essencial, para o funcionamento das estruturas básicas. As trabalhadoras e trabalhadores têm consciência da importância do seu papel neste momento, mas precisam ter condições para exercer suas funções, caso contrário vamos continuar numa escalada de mortes e adoecimento”, denuncia.
Segundo dados do Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, o Brasil registra uma morte por acidente do trabalho a cada 3 horas e 40 minutos. Já os acidentes de trabalho ocorrem a cada 49 segundos, dados que estão aquém da realidade devido à grande subnotificação.
Os acidentes de trabalho impactam a saúde dos trabalhadores e também a Previdência, que paga bilhões em benefícios. “Esses acidentes e mortes poderiam ser evitados se os empresários priorizassem a vida de pessoas no lugar do lucro”, ressalta Suzi Rodrigues. Os bancos, por exemplo, que respondem por apenas 1% dos empregos no Brasil, são os responsáveis por 5% do total de afastamentos por doença no país.
A secretária de Saúde do Sindicato, Andreza Camila, destaca que a configuração do acidente de trabalho por infecção pela covid-19 não está garantida para a categoria bancária. “O governo determinou através da Medida Provisória 927, que apenas os trabalhadores da saúde, mediante comprovação, terão direito à notificação de acidente de trabalho por coronavírus. Então, se um bancário, que está na linha de frente do atendimento ao público, adoecer hoje, não terá o período contabilizado para sua aposentadoria e, se vier a óbito, a família não terá direito a pensão”, critica.
Os bancários cumprem um importante papel durante a pandemia causada pelo coronavírus. Porém, mesmo num momento, no qual os bancários arriscam as suas vidas e mostram a importância de seu trabalho para a sociedade, os banqueiros continuam com a cobrança de metas aos trabalhadores.
“Além da exposição ao risco do coronavírus, os bancários estão sofrendo pressão por metas, o que gera adoecimento psicológico. Orientamos que os bancários entrem em contato com o Sindicato para denunciar essas situações. A secretaria de saúde segue funcionando, mediante agendamento, para garantir a saúde da categoria”, informa o dirigente Wellington Trindade.
SEMINÁRIO ONLINE
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco participou nesta terça-feira (28), do seminário online Reflexões sobre a Fragilidade do Mundo do Trabalho e Alternativas Disponíveis para Preservar e Priorizar Vidas em Memória às Vítimas da Covid-19. Na ocasião, o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, João Rufino, aborda a Contaminação de Trabalhadores Bancários pela COVID-19. “Os trabalhadores do ramo financeiro estão adoecendo e morrendo durante a pandemia. O dia de hoje, 28 de abril, é um marco de reflexão e denúncia do fracasso total de todo o mundo do trabalho em evitar mortes. A OIT preconiza que o trabalho decente e digno é o objetivo de todas as nações. Perseguir isso é importante”, conclui Rufino.