
O papel dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico e social do País esteve no centro do debate realizado, nesta terça-feira (19), no Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Com o tema Bancos públicos sob ataque: desafios, riscos e perspectivas, o evento Diálogos Capitais, uma realização da Fenae em parceria com a CartaCapital, fomentou a discussão sobre os prejuízos da privatização das estatais.
“Todos aqui sabem da importância dos bancos públicos para o desenvolvimento do Brasil, o que precisamos é nos apropriarmos do quanto será prejudicial para nossa sociedade se esses bancos forem privatizados. É importante que a gente possa levar essa mensagem para a população. Vamos mudar o rumo dessa história”, afirmou a secretaria de Bancos Públicos, Cândida Fernandes, na abertura do evento.

Participaram do encontro, Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae; Luiz Gonzaga Belluzo, professor da Unicamp; Xico Sá, escritor e jornalista; e Liana Cirne Lins, professora de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Segundo dados apresentados por Jair Ferreira, das 573 agências em funcionamento no estado, 290 (51%) são de bancos públicos. Esse serviço prestado a milhões de brasileiros está sob ameaça. “Começam a desmontar a empresa fatiando, arrancando os pedaços, sem falar na capilaridade. A empresa que tinha 12 mil agências em 2002, chegou a 4 mil agências. Desde o golpe em 2016, a Caixa perdeu 17 mil vagas de emprego. O grande prejudicado é a população”, denuncia.
O jornalista Chico Sá e a jurista Liana Cirne destacaram os desafios da comunicação para informar a sociedade sobre o avanço do desmonte das estatais e ressaltaram as peculiaridades do processo privatista brasileiro.
A falácia de que a entrega do patrimônio do Brasil irá alavancar a economia e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros também foi desvelada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo. “Estamos sendo ameaçados por uma concepção da economia e da vida social que é extremamente primária, eu diria até primata. É um erro grave. A sociedade está sendo massacrada pelo capitalismo. O sistema financeiro descolou do resto da economia e da sociedade”, avalia.

As contribuições dos participantes valorizaram o caráter público da Caixa, Banco do Brasil e Banco do Nordeste, que permite que esses bancos mantenham empregos em tempos de recessão, ofereçam serviços de baixo ou nenhum custo e estejam presentes em todo o País, prestando serviços para todos, em especial para a população mais carente.
A presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, em sua intervenção, apontou a luta coletiva como único caminho para defesa dos bancos públicos. “Na época de FHC (Fernando Henrique Cardoso) fizemos reunião com três bancários no Sindicato. Eles não liam o material com medo. Hoje, os empregados dos bancos públicos estão com medo de lutar para defender esse banco e até o próprio emprego. Mas sozinhos atrás de uma mesa não vão salvar nada. Privatizaram a concepção de bancos públicos, por isso alguns bancários não estão lutando. É a luta, a rua e a sociedade que vão garantir o fortalecimento dos bancos públicos” conclui.