Recife sedia IV Fórum pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro

Para
fortalecer o debate sobre a construção da igualdade racial nos
bancos, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro (Contraf-CUT), com o apoio da Federação dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro do Nordeste (Fetrafi/NE) e do
Sindicato dos Bancários de Pernambuco, iniciou nesta quinta-feira
(9), o IV Fórum pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, no
Recife (PE).

A
palestra de abertura, proferida pelo filósofo e professor da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Ronaldo Barros, abordou
questões sobre o racismo, a divisão racial do trabalho e as
desigualdades históricas. Forjado na escola marxista, Barros
defendeu que “a desigualdade econômica é também desigualdade
racial”. Segundo o professor, ainda hoje, as regiões mais ricas do
país são predominantemente brancas.

O
palestrante destacou, oportunamente, que a baixa representatividade
dos negros na Câmara Federal e no Senado se reflete no
aprofundamento das desigualdades e
aponta caminhos.
“São as políticas públicas afirmativas
e as
mudanças
constitucionais que aparecem como soluções para dirimir o nível de
desigualdade estrutural que existe no Brasil”, afirmou.

Militante
do movimento negro, Zé de Oliveira discutiu a ausência do negro no
mercado de trabalho e fez críticas ao ‘embranquecimento’ da
academia.
“Toda a situação da classe trabalhadora começa há 129 anos com
a assinatura da Lei Áurea. O que houve naquele momento foi uma falsa
abolição, porque nós continuamos escravos do capital
especulativo”, avaliou.

Na
visão
da
secretária-Geral do Sindicato, Sandra
Trajano,
as perspectivas trazidas pela academia
e pela militância confirmam que mesmo com a abertura de espaços
para a população negra, ainda é preciso avançar bastante
para minimizar as desigualdades.
“A discussão da invisibilidade negra no sistema financeiro começou
desde que foi desenhado
o
‘rosto do bancário’ com o resultado do Censo
da Diversidade
-2014. Nós vimos que o negro não existe no sistema
financeiro
como funcionário, principalmente, nos cargos de chefia. O debate de
hoje é fundamental para subsidiar as propostas que iremos apresentar
amanhã (10) para a minuta da categoria”, destacou.

Além
de Sandra Trajano, participam do evento a secretária da Mulher do
Sindicato, Eleonora Costa, e o diretor da entidade, Rubens Nadiel. “É
muito importante estarmos unidos neste fórum para abrir os olhos da
categoria sobre a invisibilidade negra no sistema financeiro. Os
negros devem ser vistos como pessoas com
capacidades como todas as demais, contudo, assegurar oportunidades
equânimes é fundamental para reduzir
as desigualdades raciais”, pontuou
Eleonora.

A
programação seguiu
durante a tarde
com a análise dos dados do Censo
da Diversidade
– 2014 e da Relação
Anual
de Informações
Sociais
– 2016; e palestras sobre racismo e discriminação no trabalho;
conquistas históricas e retrocessos no governo golpista; impactos da
reforma trabalhista para a população negra; e os avanços das
políticas afirmativas do governo Lula.

Nesta
sexta-feira (10),
os participantes irão avaliar os
pontos de
combate
ao racismo
do
marco legal das entidades e
debater seus
desafios
e compromissos no combate a discriminação racial.



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