O Sindicato concedeu entrevista
coletiva à imprensa nesta terça (29) para apresentar os números e
fazer um balanço da segurança bancária em 2015. Com presença
maciça de quase todos os veículos de comunicação, a entidade
cobrou mais fiscalização por parte da Prefeitura para que a
legislação seja integralmente cumprida em todas as agências
bancárias. “Foram 53 ocorrências, sem contar explosões e
arrombamentos. Significa um aumento de 230% em relação a 2014,
quando houve 16 assaltos”, afirma a presidenta do Sindicato,
Suzineide Rodrigues.
Para Suzineide, a Lei 17.647 e o
projeto-piloto de segurança bancária, que exigem a utilização de
diversos equipamentos de segurança, foram uma grande conquista. “Mas
precisa ser aperfeiçoada. Nem todos os itens são cumpridos, a
exemplo dos vidros blindados. Além disso, as estratégias criminosas
estão sempre em evolução, o que significa que também as leis de
combate a elas precisam evoluir”, comenta a presidenta do
Sindicato.
A análise das estatísticas mostra que
mais de 30% das investidas poderiam ter sido evitadas se duas
exigências legais tivessem sido cumpridas: a blindagem dos vidros e
a existência de dois vigilantes por pavimento. “O uso de marreta
ou quebra das vidraças a tiros foi uma etsratégia muito utilizada,
assim como a rendição dos vigilantes,em inferioridade numérica e
sem cabines de proteção ou escudos blindados”, observa o
secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, João Rufino, que
integra o Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Prefeitura conivente – Para
Rufino, a falta de empenho da Prefeitura do Recife em fiscalizar o
cumprimento da Lei estimula a insegurança bancária. “Se a mesma
energia empregada para perseguir trabalhadores do comércio informal
fosse direcionada para verificar e interditar agências bancárias
que não cumprem a Lei, teríamos melhor prognóstico para 2016”,
opina Rufino.
Segundo ele, após a publicação da
Lei 17.647 de 2010, por meio do Ministério Público, entidades como
os sindicatos dos Bancários e dos Vigilantes; governo do Estado;
prefeituras de Recife, Olinda e Jaboatão; e Federação Brasileira
de Bancos (Febraban) celebraram um Pacto de Segurança Bancária e
mantiveram audiências para garantir a gestão do acordo. No entanto,
este ano, a Prefeitura do Recife não apenas se retirou da mesa
gestora do Pacto, como afirmou que trabalharia para aprovar outra
lei, bastante inferior à vigente no que se refere às exigências de
segurança.
O Banco do Brasil é líder em assaltos
durante o ano de 2015, com 16 casos. É seguido de perto pelo
Santander que, além disso, registra o maior cresimento no número
de investidas criminosas, passando de quatro casos em 2014 para 15
assaltos em 2015.
Estado desestruturado – O
Sindicato alertou também para a importância demais investimentos do
Estado na segurança pública: aumento do efetivo, instalação de
mais bases fixas, mais viaturas e melhor aparelhamento das estruturas
de combate ao crime. Segundo o Sindicato dos Vigilantes, 132
revólveres foram roubados este ano durante assaltos a agências
bancárias, além de 792 munições e 30 coletes à prova de balas.
“Parte desse armamento foi recuperado, mas muitos continuam nas
ruas, sendo usados contra a população”, afirma Rufino.
A falta de estrutura do Estado
contrasta com o alto nível de especialização de algumas
quadrilhas, que atuam no ataque a caixas eletrônicos com uso de
equipamentos e explosivos cada vez mais modernos. Agências inteiras
foram destruídas no interior do estado por conta deste tipo de ação.
Atualmente, continuam fechadas as unidades da Caixa em Gravatá e
Ribeirão; e Banco do Brasil de Venturosa – esta última assaltada
há mais de cinco meses.
Doenças da insegurança – O
secretário de Saúde do Sindicato, Wellington Trindade, alertou para
o impacto da insegurança na saúde dos trabalhadores. “Este ano,
tivemos 23 funcionários afastados por conta de traumas provocados
pelos assaltos. Houve sequestro de familiares e de bancários,
agressão física, tiros… tudo isso gera um impacto imenso na saúde
do bancário”, diz Wellington.