Apesar de passarem
longe da crise, como o setor da economia que mais tem lucrado no
Brasil, o sistema financeiro continua demitindo. É o que o comprova
a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada nesta segunda-feira
(21) pela Contraf-CUT.
Entre janeiro e novembro de
2015, foram fechados 8.247 empregos nos bancos em todo o país. Só
em Pernambuco, foram cortados 367 empregos nos onze meses. Novembro
apresentou o segundo pior saldo do ano, com encerramento de 1.928
empregos, perdendo apenas para o mês de julho, quando foi impactado
pelos programas de incentivo à aposentadoria, implantados no Banco
do Brasil e na Caixa Econômica Federal, com o fechamento de 3.069
postos de trabalho.
“Os bancos estão lucrando cada vez
mais, não há razão para tantas demissões e fechamento de postos
de trabalho, a não ser uma: a ganância por mais lucros”, diz a
presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues.
>> Veja a íntegra da pesquisa
Para Suzi, além
da ganância dos bancos, o emprego dos bancários ainda corre riscos
diante de uma série de projetos que tramitam no Congresso Nacional e
que regulamentam a terceirização ilegal no país. “Se aprovados,
acabariam com o emprego com carteira assinada e transformaria o
Brasil num país de terceirizados. E quem são os principais lobistas
no Congresso que pressionam pela aprovação desses projetos? Os
bancos”, diz Suzi, que ainda lembra outro problema que pode afetar
o emprego dos bancários: a compra do HSBC pelo Bradesco. “Estamos
acompanhando a fusão de perto para que não haja demissões”,
garante.
O estudo feito mensalmente, em parceria com o
Dieese, usa como base os números do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e
revela, mais uma vez, que os bancos múltiplos, com carteira
comercial, categoria que engloba grandes instituições, como Itaú,
Bradesco, Santander, HSBC e Banco do Brasil, foram os principais
responsáveis pelos cortes. Eles eliminaram 5.790 empregos. Na Caixa
foram fechados 2.423 postos de trabalho.
Os bancos continuam
em 2015 apresentando os maiores lucros de sua história. Nada
justifica o comportamento das instituições financeiras, que
acumulam R$ 54,8 bilhões de lucro no terceiro trimestre deste ano. O
crescimento do setor alcançou 24,3% neste período, nenhum outro
segmento lucrou tanto.
Rotatividade e salário – De
acordo com o levantamento da Contraf-CUT/Dieese, além do corte de
vagas, a rotatividade continuou alta. Os bancos contrataram 28.745
funcionários e desligaram 36.992 nos primeiros onze meses. A
pesquisa também revela que o salário médio dos admitidos pelos
bancos foi de R$ 3.534,06, contra R$ 6.263,20 dos desligados. Assim,
os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 56,4%
menor que a remuneração dos dispensados.
Desigualdade
– A pesquisa mostra também que as
mulheres, mesmo representando metade da categoria e tendo maior
escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração.
A média dos salários dos homens admitidos pelos bancos foi de R$
3.889,65 entre janeiro e novembro. Já a remuneração das mulheres
ficou em R$ 3.141,86 valor cerca de 23,8% inferior à remuneração
de contratação dos homens.
A diferença de remuneração
entre homens e mulheres é maior na demissão. As mulheres que
tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e
novembro deste ano recebiam R$ 5.370,79, que representou 76 % da
remuneração média dos homens desligados dos bancos, de R$
7.058,17.