Milhões de pessoas, em
todo o país, realizaram nesta quarta-feira (16) uma grande
manifestação em defesa da democracia e contra o impeachment da
presidenta Dilma Rousseff. De Norte a Sul do Brasil, multidões de
manifestantes tomaram as ruas das capitais e principais cidades para
dizer “não” ao golpe. Nas redes sociais, a hashtag
#EsseImpeachmentÉGolpe tomou conta do twitter e do facebook,
demonstrando claramente o poder de mobilização da classe
trabalhadora e da sociedade que defende a democracia.
No
Recife, cerca de 30 mil tomaram as ruas do centro, vestidas de
vermelho e com faixas, cartazes e bandeiras. Nos dizeres, a defesa da
democracia e “não ao golpe”. Os manifestantes também entoaram
um “Fora Cunha” e exigiram mudanças na política
econômica.
“Foi uma linda festa da democracia”, comenta a
presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, que subiu no caminhão
de som e agitou a multidão. “O Sindicato dos Bancários está
junto da população em defesa da democracia. Esse processo de
impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff é irresponsável e um
atentado à Constituição”, disse Suzineide.
Os
manifestantes saíram da Praça Oswaldo Cruz e seguiram até o
monumento Tortura Nunca Mais, passando pela avenida Conde da Boa
Vista. Os pontos de partida e saída possuem uma simbologia na luta
contra o golpe perpetrado por Cunha. O primeiro sofreu ataques
durante o regime militar, enquanto o segundo é um monumento em
homenagem às vítimas da ditadura.
Segundo o presidente da
Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Carlos
Veras, a manifestação reuniu “a população que sempre teve
compreensão do que significa democracia. O impeachment é golpe. Não
dá pra trocar a presidente só porque você não gosta dela”. Para
Veras, é essencial respeitar as regras democráticas.
País
afora – Em São Paulo, a Avenida Paulista ficou tomada por uma
multidão de 100 mil manifestantes. “Pessoas que têm consciência
de que mudanças precisam acontecer sim, mas um impeachment
orquestrado não é o caminho. Pelo contrário, é a porta de entrada
para que o país mergulhe num período de ataques aos direitos dos
trabalhadores, aos direitos do cidadãos”, disse a CUT em seu
site.
A entidade destacou que, junto com outras centrais e os
movimentos sociais, “se organizaram para defender, em primeiro
lugar, esse conceito de democracia. E quando se fala em golpe, o
significado é simples: segundo os mais renomados juristas do Brasil,
não há base jurídica para que um impeachment transcorra. Contra
Dilma Rousseff, não há nenhuma acusação de crime”.
O
presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas reforçou a contrariedade
dos movimentos diante do golpe de Eduardo Cunha, do PSDB e de quem
perdeu a eleição e não aceita o resultado popular. “Estamos
aqui para pedir o ‘Fora Cunha’, que é uma excrescência, um
desqualificado na presidência da Câmara dos Deputados, e para pedir
o fim do ajuste fiscal e a mudança da política econômica. O
golpista que quer tirar Dilma, é o mesmo que quer rasgar a CLT,
acabar com a previdência por tempo de serviço, é o mesmo que não
tolera o direito dos negros e das mulheres. Somos contra o
impeachment, mas nosso cheque não é em branco, queremos a Dilma que
nós elegemos”, disse.
Em Brasília, a concentração
começou no fim da tarde e reuniu milhares no estádio Mané
Garrincha. Mais cedo, porém, com a Constituição Cidadã nas mãos
e o grito de “não vai ter golpe”, deputadas, senadoras e
mulheres dos movimentos sindical e sociais reuniram-se no Salão
Verde da Câmara dos Deputados para apresentar mais uma frente de
resistência ao golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. As
parlamentares do PT, PCdoB, PR e PDT se uniram a lideranças de
organizações como a CUT, Marcha Mundial de Mulheres e a Marcha das
Mulheres Negras para falar sobre a ausência de provas para um
impeachment de Dilma e sobre os retrocessos que tomaram conta do
Congresso com Eduardo Cunha à frente da Câmara.
No Rio,
quando locutores em carros de som anunciaram que a Procuradoria Geral
da República pediu o afastamento do presidente da Câmara, os
manifestantes gritaram “Ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele
cai”. Junto ao canto, os gritos de “fora, Cunha” e
“não vai ter golpe” também foram repetidos nos atos desta
quarta.
Em cidades como Salvador e Porto Alegre,
manifestantes usaram máscaras de Cunha e levaram cédulas falsas de
dinheiro durante o protesto.
Mobilizações
não terminam por aqui – As manifestações dessa
quarta-feira superaram em número de participantes as do último
domingo, em favor do impeachment, e confirmam que o povo brasileiro
não quer a quebra da ordem democrática no Brasil. As mobilizações
contra o golpe, em defesa da democracia, prosseguirão até que o
processo de impeachment seja definitivamente enterrado.