O prefeito Geraldo
Júlio se reuniu nesta quinta, dia 19, com o ministro do Trabalho e
Emprego, Manoel Dias, para interceder a favor da Contax, segundo
noticiaram os jornais. A empresa terceirizada que presta serviço
para os bancos está funcionando sob liminar e foi alvo de uma
fiscalização do próprio MTE em janeiro, que paralisou as
atividades do prédio localizado no bairro de Santo Amaro. O motivo:
terceirização ilícita, assédio moral, adoecimentos em massa.
“É
inadmissível que um prefeito saia na defesa de uma instituição que
precariza o trabalho e submete pessoas a um emprego degradante”,
afirma o secretário de Saúde do Sindicato, Wellington Trindade.
De
abril de 2013 a dezembro de 2014, uma equipe de 14 auditores fiscais
do trabalho investigou as condições de trabalho dos profissionais
de teleatendimento que prestam serviços para a Oi, Vivo, Santander,
Itaú, NET, Citibank e Bradesco. A ação aconteceu em empresas
terceirizadas da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Durante este
período, a equipe analisou contratos, holerites, registros de
pontos, entre outros documentos, e visitou os locais de trabalho. O
resultado: 932 autos de infração lavrados, R$ 318,6 milhões em
multas, R$ 119,7 milhões de dívidas com o FGTS e quase R$ 1,5
bilhão em débitos salariais.
No caso da Contax em
Pernambuco, depois de recorrentes orientações e termos de ajustes
indicados pela Justiça do Trabalho e não cumpridos, a empresa foi
interditada em janeiro deste ano. Mas voltou a funcionar, sob
liminar, dois dias depois.
A fiscalização constatou que
problemas de saúde geram mais de seis mil atestados apresentados por
mês na Contax. Os trabalhadores são proibidos de beber água ou ir
ao banheiro. As cobranças de atendimento e metas a cumprir são
excessivas.
Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello,
a situação dos funcionários do teleatendimento na Contax revela a
realidade da terceirização no país. “Por isso é tão importante
que a gente esteja firme na luta contra os projetos que pretendem
liberar a terceirização, como é o caso do PL 4330, que está para
ser votado no dia 7 de abril”, diz.
No entanto, na reunião
com o ministro do trabalho nesta quinta, 19, segundo nota do
jornalista Inaldo Sampaio na CBN, o prefeito Geraldo Júlio disse ao
ministro que está preocupado com a possibilidade de o Recife perder
15 mil postos de trabalho. Em matéria no JC online, a jornalista
Mariana Araújo esclarece, ainda, que a Contax é a segunda maior
empresa arrecadadora de ISS da cidade.
Para o Sindicato, o
apelo do prefeito deveria ser dirigido à Contax, para que ofereça
condições de trabalho decente, e às teles e bancos, para que
contrate os trabalhadores ao invés de optar pela terceirização
ilegal.
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