Sindicato garante três reintegrações, que revelam a gravidade dos adoecimentos no Santander

O
Sindicato reintegrou ao Santander mais três bancários demitidos
irregularmente. Todos apresentavam doenças ocupacionais
caracterizadas como LER/Dort(Lesões
por Esforço Repetitivo/ Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao
Trabalho).

Sandro
de Oliveira é bancário há 22 anos e foi
demitido em novembro. Há anos, o bancário sentia dores nos membros
superiores e estava fazendo tratamento médico. Em
abril de 2014, teve uma
crise grave, em que enfrentou muitas dores nos braços. Mesmo
assim, continuou trabalhando. “Tinha o atestado médico, mas não
quis me afastar do trabalho, preocupado em bater as metas”, afirma
Sandro.

Devido à doença ocupacional, o bancário está
licenciado pelo INSS. Em maio, ele deverá fazer a avaliação que
determinará se ele está apto a retornar ao trabalho. “Quero
voltar para o trabalho com a mesma garra de sempre. Mas
também quero cuidar de mim. Só eu sei o que passei quando tive a
crise no braço e continuei trabalhando”, diz o bancário.

Juliana
Lemos trabalha há 15 anos em bancos e, há dois anos, é funcionária
do Santander. Em dezembro de 2014, foi demitida pelo banco espanhol.
A bancária sentia dores nos braços, mas nunca tinha ido ao médico
para avaliar a situação. Após a demissão, o médico do INSS
diagnosticou que ela tem síndrome do túnel do carpo e tendinite nos
membros superiores. Desde então, Juliana está licenciada. Em abril,
ela deverá fazer a reavaliação no INSS.

A bancária conta
que não tinha ido ao médico antes devido à falta de tempo. “Depois
dessa experiência da demissão, decidi me dedicar mais à minha
saúde. O perigo de não se cuidar logo é a doença chegar em um
estágio tão avançado que não seja mais possível reverter a
situação e seja caracterizada a invalidez”, afirma Juliana,
depois da reintegração.

Ela conta que, com a rotina do
trabalho, ignorava as dores. “Hoje, não consigo escrever um texto
sem sentir dor”, diz.

O Secretário de Saúde do Sindicato,
Wellington Trindade, ressalta a importância de os funcionários que
estão doentes darem entrada na licença . “Não adianta trabalhar
doente e, depois, ser surpreendido por um processo demissional. Se
esses funcionários que sabiam que estavam doentes tivessem sido
licenciados, não teria havido a necessidade de pleitearem, na
Justiça, a reversão da demissão”, explica Wellington.

Doença
ignorada

– Maria
Helena Rodrigues dos Santos é funcionária do Santander há 8 anos.
Mesmo tendo apresentado os exames que comprovavam que possuía
bursite e tendinite no braço direito, ela foi demitida em
janeiro.

Maria Helena é portadora de deficiência no braço
esquerdo e utiliza apenas o direito no trabalho. É justamente este
braço que está apresentando as doenças ocupacionais.

A
bancária conta que o médico que fez
o
exame demissional ignorou os diagnósticos anteriores, que apontavam
essas doenças, e a considerou apta a ser demitida. O médico do INSS
que a examinou, no entanto, confirmou a existência de LER/Dort.
Desde então, ela está licenciada e
deverá fazer a avaliação de aptidão para o retorno ao trabalho
ainda neste mês. “O médico , inclusive, constatou a piora da
situação do meu braço em comparação aos exames anteriores, que
tinham sido realizados em 2013”, conta Maria Helena.

De
acordo com Wellington, são comuns as queixas de bancários em
relação ao exame demissional. “Temos discutido constantemente com
a Fenaban (Federação
Nacional dos Bancos)
o fato de o exame demissional ser realizado por médicos que são
funcionários do banco e, portanto, atenderem
os interesses deles”, explica.

Wellington ressalta que “se
o bancário achar que a avaliação médica não está coerente, ele
pode se recusar a assinar o exame. E deve entrar em contato conosco,
pois estamos elencando esses casos para levar para a mesa específica
de negociações com Fenaban”.

Compromisso
e chantagem

Outro
problema enfrentado por Maria Helena é que, além da deficiência no
braço, ela possui deficiência auditiva. O Santander havia se
comprometido a adquirir um aparelho auditivo para ela. A bancária
faria a aquisição e o banco a ressarciria. Em dezembro de 2014, ela
fez a compra mas, antes de ressarci-la, o banco a demitiu.

O
secretário
de Saúde do Sindicato afirma que o banco tem o dever de cumprir
o compromisso que firmou com bancária. “O banco já teria que
cumprir, de qualquer forma. Agora, que ela foi reintegrada,
cobraremos o cumprimento com mais veemência. E, se o banco não
revir sua decisão, cobraremos por via judicial”, reforça
Wellington.

Ele conta que a necessidade de equipamentos que
possam melhorar a vida de Pessoas
com
deficiência
têm sido alvo chantagem pelos bancos. “Os bancos prometem
adquirir os equipamentos para os funcionários, desde que batam
determinadas metas. Essa prática é irregular e deve ser denunciada
ao Sindicato”, afirma Wellington.

Os bancários que
tiverem problemas de saúde ou tiverem sendo alvo desse tipo de
chantagem devem procurar
o
Sindicato para obter orientações de como devem proceder.

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