Seminário do Sindicato reforça a importância da manutenção da Caixa 100% pública

No coração da
Amazônia, há um punhado de brasileiros que vivem isolados, em
pequenos povoados, onde só é possível chegar de barco. Lá, o
tempo se arrasta e a vida ainda é a mesma que nossos antepassados
levavam, séculos atrás. A pescaria artesanal é o principal meio de
sobrevivência, auxiliada por pequenos roçados e outras atividades
extrativistas. Os serviços públicos quase não existem e a
cidadania poderia ser uma utopia. Só não é, porque a Caixa criou a
agência barco, uma unidade que leva muito mais do que a inclusão
bancária para este bucólico pedaço do Brasil.

As
embarcações do banco, além de levar os serviços de uma agência
da Caixa, levam o acesso à justiça e a direitos. Emitem carteira de
trabalho, promovem ações de saúde, educação, proteção
ambiental e cidadania. E, ainda, levam o desenvolvimento
socioeconômico para a região, oferecendo do microcrédito à
inclusão dos mais carentes no Bolsa Família.

“É um
trabalho de arrepiar, este que a Caixa desenvolve com a agência
barco. Não há banco no mundo que faça isso. Será que este projeto
continuará a existir, caso o capital da Caixa seja aberto?”,
provocou Fernando Neiva, representante dos empregados no Conselho de
Administração da Caixa, durante o seminário promovido nesta
terça-feira, dia 10, pelo Sindicato, para discutir os impactos da
abertura de capital do banco.

Os participantes do
Seminário foram unânimes em destacar a importância do papel da
Caixa para os brasileiros e o risco que os projetos sociais do banco
correm caso o capital da empresa seja aberto. “A Caixa é
fundamental para o desenvolvimento social do Brasil. Hoje, nossa
sociedade não caminha sem a Caixa”, disse Fernando Neiva.

Ele
destacou que este não é um debate corporativista, feito pelos
empregados que querem manter o banco 100% público. “Estamos
pensando no Brasil. Na crise econômica de 2008, por exemplo, nosso
país não sofreu como o resto do mundo muito por conta da Caixa, que
barateou o crédito e liberou financiamentos. Se 25% do banco for
privatizado, como estuda o governo, o mercado comandará a Caixa e o
lucro pelo lucro será mais importante que qualquer projeto social”,
destacou Fernando Neiva.

Podemos lutar – Maria Rita
Serrano, suplente da representação dos empregados no Conselho de
Administração da Caixa, lembrou da época em que o governo militar
abriu o capital do Banco do Brasil, na década de 1970. “Naquele
tempo, vivíamos uma ditadura e não tínhamos como lutar contra a
abertura de capital do BB. Hoje, o país é outro e a democracia nos
permite brigar com todas as nossas forças para garantir que a Caixa
continue 100% pública”, afirmou.

Rita destacou que o
sistema de governo em vigor no Brasil é o da coalizão, onde
diferentes forças e ideologias disputam os rumos da política
nacional. “E nós, enquanto trabalhadores, temos de lutar para
corrigir as distorções de projetos do Governo Federal”, disse
Rita, enquanto convocava todos os participantes do seminário para a
luta.

A deputada estadual e presidenta do diretório do
Partido dos Trabalhadores (PT) de Pernambuco, Teresa Leitão,
concordou com Rita: “temos vários partidos que compõem a base
aliada do Governo Federal. Eu, como presidenta do PT pernambucano,
desejo que meu partido tenha força para lutar contra projetos como
este dentro da base aliada”.

A deputada deixou clara a sua
posição: “Eu sou contra a abertura de capital da Caixa. Este é
um projeto da nossa principal oposição, que é neoliberal. Não
podemos encampá-lo, principalmente pela importância da Caixa
enquanto promotora de políticas públicas. Abrir o capital do banco
e investir no social são duas coisas incompatíveis”.

Teresa
Leitão fez questão de ressaltar, no entanto, que não existe nenhum
projeto concreto sobre a venda de capital da Caixa. “Isso ainda
está sendo estudado pelo Governo. Mas vocês (Sindicato e bancários)
estão certos de já estarem na luta. Precisamos que a Caixa continue
100% pública”.

“Sabemos lutar” – Para a
presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, que é empregada da Caixa,
o seminário foi bastante produtivo. “O nível do debate foi
excelente e a participação dos bancários foi muito boa. Este é
mais um passo que estamos dando nesta luta que encampamos em
dezembro, quando o governo admitiu que estuda a possibilidade de
abrir o capital da Caixa. Aliás, esta não é a primeira vez que
lutamos por conta disso. O governo Fernando Henrique tentou
privatizar a Caixa e não conseguiu. Esta é uma luta que conhecemos
bem e vamos vencê-la novamente”.

Campanha – A
secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues, destacou
a importância do debate. “Esta é uma luta que estamos ampliando a
cada dia. Durante o seminário, o Sindicato lançou uma nova campanha
pela manutenção da Caixa 100% pública. Sem dúvida, este é um
tema que dominará as ações do Sindicato nos próximos meses”,
explicou.

LEIA TAMBÉM
>> Fernando Neiva fala sobre a luta pela Caixa 100% pública

>> Defesa da Caixa 100% pública é prioridade dos empregados
>> Sindicato cobra fortalecimento da Caixa em Dia Nacional de Luta
>> Sindicato participa de seminário sobre os impactos da abertura de capital da Caixa
>> No aniversário da Caixa, Sindicato e bancários se unem em defesa do banco
>> Fenae publica editorial em efesa da Caixa Federal 100% pública
>> Ex-presidente da Caixa, Jorge Mattoso, critica abertura de capital do banco
>> Bancários solicitam audiência com presidenta Dilma
>> Luta e mobilização são fundamentais para que Caixa continue 100% pública
>> ARTIGO: A Caixa Federal é um banco público. E deve continuar assim.
>> Contraf-CUT rejeita abertura de capital e defende Caixa 100% pública


Expediente:
Presidente: Fabiano Moura • Secretária de Comunicação: Sandra Trajano  Jornalista ResponsávelBeatriz Albuquerque • Redação: Beatriz Albuquerque e Brunno Porto • Produção de audiovisual: Kevin Miguel •  Designer Bruno Lombardi