No dia da não violência contra a mulher, Sindicato discute violência sexual no trabalho

Nesta terça, 25 de
novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a mulher, o
Sindicato visitou agências para conversar sobre a violência sexual
no ambiente de trabalho. Durante o resto da semana, serão
distribuídos, entre os bancários, exemplares da cartilha sobre
assédio sexual elaborada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional
dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). A publicação foi relançada
em julho, durante a Conferência Nacional dos Bancários.

A
cartilha mostra de forma didática o que é e como se dá o assédio
sexual no trabalho; as consequências para as vítimas, que muitas
vezes perdem o emprego por dizer não ao assediador; questões legais
envolvidas e os impactos no ambiente de trabalho e sobre saúde
mental da trabalhadora ou trabalhador assediados.

Para Sandra
Trajano, responsável pela Secretaria de Assuntos da Mulher do
Sindicato, este é um tema
que, em geral, é silenciado e que tem consequências devastadoras
para a saúde psíquica das vítimas e para o ambiente de trabalho.
“As
mulheres são as principais vítimas. Segundo as pesquisas realizadas
sobre o assunto, apenas 1% dos homens são assediados no trabalho”,
diz
a dirigente.

Um levantamento da OIT (Organização
Internacional do Trabalho)
revela
que 52% das mulheres em todo o mundo já sofreram assédio sexual no
trabalho. No Brasil, pesquisa realizada pela Fundação Perseu
Abramo, mostra que este tipo de assédio atinge 11% das trabalhadoras
do país.

Uma
história

– Maria
(nome fictício), foi a segunda pessoa em todo o Brasil a ter os
danos provocados pelo assédio, moral e sexual, reconhecidos como
acidente de trabalho. Quando ela procurou o Sindicato, há 12 anos,
tinha apenas 24 anos. Hoje, está aposentada pelo INSS por conta dos
problemas psíquicos provocados pelo assédio.

Empregada do
Banco do Brasil em uma agência no interior de
Pernambuco,
ela era a única mulher. Durante dois anos, foi vítima de fofocas,
piadas grosseiras e comentários envolvendo sua sexualidade. “A
única coisa que importa é sua sexualidade. (…) Quando falavam
comigo era pra dizer que meu cabelo estava bonitinho, fazer piadas
grosseiras e baixas, insinuar que eu não gostava de homem e até
falar que minha calcinha estava suja”, contou a bancária em
depoimento ao
Jornal dos Bancários de
maio de 2002.

O
caso de Maria incluiu, também, o assédio moral, em ambos com
participação de toda a agência. Quando procurou o Sindicato, ela
já tinha se licenciado durante 72 dias por
conta da depressão e,
de volta à agência, trabalhava sob efeito de remédios. “As
vezes, o assédio sexual começa de forma sutil, com piadas machistas
ou brincadeiras que envolvam a sexualidade das pessoas. Muitas
vítimas se sentem intimidadas e, ao mesmo tempo, se culpam por
acharem que não conseguem se impôr”, alerta Sandra.

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