Esta
quinta-feira, 20 de novembro, é o
Dia Nacional da Consciência Negra. A data serve
para refletir e lembrar da
resistência do povo negro à escravidão e às desigualdades que
persistem até hoje. Desigualdades
que existem, inclusive, nos bancos.
Está no
2º Censo da Diversidade: os negros são apenas 24,7% dos bancários
brasileiros. Vale ressaltar que estão computados neste percentual os
pardos, que constituem 21,3% da categoria, e os pretos, que somam
apenas 3,4% dos trabalhadores de bancos. Apesar de baixos, os índices
evoluíram em relação à 2008, quando foi realizado o 1º censo. Na
época, eram 19% de negros: 16,7% pardos e 2,3% pretos. “Estamos
avançando, com muita luta. Mas ainda temos muito a melhorar”,
afirma a diretora do Sindicato Eleonora Costa, que é bancária e
negra.
No Nordeste, há um equilíbrio entre negros (pretos e
pardos) e brancos, com índices de 49,6% e 49,9% respectivamente. O
Norte é a única região em que o número de pretos e pardos é
maior: são 57,3% negros e 42,2% brancos. No entanto, nas demais
regiões do país, a discrepância é imensa: são 66,9% de brancos
no Centro-oeste; 79,3% de brancos no Sudeste; e 91,6% de brancos no
Sul.
O estado com maior número de negros entre os
funcionários dos bancos é o Pará, 63%, seguido de Amapá (62%),
Acre (61%) e Maranhão (60%). Já o Rio Grande do Sul é o estado com
menor número de pardos e pretos nos bancos: apenas 5,2%. Em
Pernambuco, 62% dos bancários são brancos e 36% são pardos ou
pretos.
O nível de formação dos negros também evoluiu
entre 2008 e 2014. O percentual de pretos e pardos que tem, no
mínimo, curso superior completo passou de 60% para 74,5%. Entre os
brancos, o índice passou de 69,7% para 81,3%.
Rendimento
menor – Bancários negros também recebem menos que os brancos.
O rendimento mensal médio dos pretos e pardos no Brasil equivale a
87,3% do dos brancos, um aumento de apenas 3,2 pontos percentuais em
relação a 2008. O Norte, única região em que existem mais negros
do que brancos, é também a única em que o rendimento dos negros
caiu em relação a 2008: eles recebem hoje 90,1% do que ganham os
brancos, um por cento a menos que há seis anos.
Em relação
à distribuição por funções, a participação de negros em cargos
de gerência, superintendência e direção é pouco inferior à dos
brancos (17,1 % contra 19,7%). Há, também, uma pequena vantagem dos
brancos no que diz respeito ao número de promoções. Entre eles, o
percentual dos que foram promovidos três vezes ou mais desde a
admissão é dois por cento maior que entre os negros.
Para
a diretora do Sindicato Eleonora Costa, a discriminação dos negros
nos bancos reproduz o que ocorre na sociedade. “Mais da metade da
população brasileira é negra, mas essas pessoas estão no pé da
pirâmide social, recebendo os menores salários, sofrendo com os
piores empregos e são os principais alvos das mazelas do país. É
inconcebível que isso continue acontecendo em pleno século 21”,
diz Eleonora.
Eleonora é funcionária do Santander desde os
tempos do extinto Bandepe. Desde então, há 25 anos, ela ocupa a
mesma função, de caixa. “Temos ainda uma longa jornada para
garantir que negros e brancos tenham as mesmas oportunidades. Essa é
uma reflexão que temos de fazer no dia da Consciência Negra, e
todos os dias”, diz.
Consciência negra
–
A
celebração do Dia da Consciência Negra, em dia 20 de novembro, é
uma homenagem à memória de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares,
morto neste mesmo dia no ano de 1695, defendendo seu povo contra os
abusos cometidos pela elite branca.
A homenagem ao líder
negro foi estabelecida pelo Projeto de Lei 10.639, em 9 de janeiro de
2003, como forma de não deixar cair no esquecimento a luta por
igualdade, infelizmente uma realidade ainda muito distante.
LEIA TAMBÉM
>> Revista dos Bancários entrevista liderança do movimento negro pernambucano
>> Censo da Diversidade confirma discriminações nos bancos
>> Mercado de trabalho ainda discrimina pela cor da pele, aponta MPT
>>
20 de novembro: a luta não pode parar
>> Festival de Coco em Olinda celebra semana da consciência negra